Sandman e Desejo: treta em família pelo mundo dos sonhos.
O grande drama da semana foi o anúncio de que apesar de todo o sucesso, a série Sandman da Netflix ainda não está garantida de ser renovada. O criador dos quadrinhos e produtor da série Neil Gaiman deixou bem claro que para a Netflix a série se tornar a mais vista ao redor do mundo nas últimas semanas não garante uma renovação, já que devido ao seu valor elevado, o sucesso precisa ser ainda maior, de forma que avaliam o fato de que não basta ser assistida, mas que as pessoas precisam assistir tudo e dentro de um determinado prazo para agregar segurança à empresa. Depois que a Netflix já cancelou séries do naipe de Mindhunter e Glow, eu não duvido de mais nada ao ver um sucesso do porte de Sandman estar na berlinda. No entanto, a fala de Gaiman de que é necessário assistir tudo e rápido denota o maior problema da série. Os primeiros episódios são envolventes, tensos e sombrios na medida certa, de forma que ficamos curiosos para acompanhar Morpheus (Tom Sturridge), o Sandman ou Sonho como alguns o chamam, ter que recuperar seu reino a partir da busca de objetos mágicos que perdeu durante o período de mais de um século em que ficou preso por um mago (Charles Dance) que queria ter seu filho de volta após uma morte prematura. O fato é que enquanto o Senhor dos Sonhos estava preso, o mundo ficou totalmente desregulado com as pessoas impossibilitadas de sonharem, outras dormindo profundamente por anos e outras sem conseguir dormir. O mundo se tornou um lugar muito mais estranho e sem perspectivas sem a capacidade sonhar com o amparo desta figura mítica - e ao voltar para seu reino, o estrago é ainda maior. Quando ele se liberta, ele tem pendências a resolver com a família do mago e outros personagens sinistros de seu clã, como Coríntio (Boyd Holbrrok), Lúcifer (Gwendoline Christie), além de suas irmãs Morte (Kirby Howell Baptiste) e Desejo (Mason Alexander Park). Com um grupo de personagens tão interessantes defendidos por um elenco irretocável (que traz gratas surpresas), fica um tanto sem graça quando todos eles perdem espaço para o "vórtice", uma garota que ameaça a supremacia e controle de Sandman sobre o reino dos sonhos o que pode causar um verdadeiro colapso. Nesta parte, até o próprio Morpheus perde espaço na série e a coisa fica um tanto irregular, se recuperando somente no último episódio. Acho que esta guinada no meio da temporada prejudicou o fluxo da audiência para vê-la até o final e a Netflix ficou preocupada. No entanto, seria uma pena que a série não rendesse novas temporadas perante todas as possibilidades que apontou e preferiu dar um passo atrás para guardar trunfos para os anos seguintes. Se for cancelada irá parecer um irônico castigo às ambições dos envolvidos. Faz tempo que a Netflix busca um sucesso arrebatador para além de Stranger Things (que está prestes a terminar) e investiu pesado em Sandman, o que pode ser verificado no capricho de toda a produção. Obviamente que preciso destacar a performance de Tom Sturridge na pele do protagonista, com seu visual meio gótico e magreza elegantérrima, o rapaz parece ter finalmente encontrado o papel de sua vida. Outro grande destaque do elenco é Mason Alexander Park na pele do andrógino Desejo, pena que aparece pouco (mas o suficiente para chamar atenção). Se posso dizer algo mais sobre a série é: ASSISTAM LOGO ATÉ O FINAL! E garantam mais uma temporada de uma das séries mais bacanas de 2022.
Sandman (EUA-2022) de Neil Gaiman com Tom Sturridge, Jenna Coleman, Boyd Holbrook, Gwendoline Christie, Mason Alexander Park, Kirby Howell Baptiste, David Thewlis, Patton Oswald, Joely Richardson e David Thewlis. ☻☻☻☻
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