Em cartaz no Prime Video, Pequena Mamãe foi indicado ao BAFTA e ao Independent Spirit na categoria de Melhor Filme estrangeiro. O filme chegou a ser cotado para uma indicação ao Oscar por seus fãs fervorosos e isso deve ter mexido com as minhas expectativas quando assisti ao novo filme da diretora Céline Sciamma. A ideia é bastante simples, e pode funcionar com seu apelo universal para todas as idades, mas a diretora confia tanto nesta ideia que esquece de fazer o mais importante: contar uma história a partir dela. A personagem principal é uma menina que acaba de perder a vovó. Nelly (Joséphine Sanz) tem oito anos e ajuda os pais arrumarem os objetos da falecida. A arrumação de tantos objetos é em si uma representação do luto daquela família da ausência causada pela morte que ainda paira sobre seus pensamentos e lugares que costumavam ser acolhedores - o que torna todos os personagens do núcleo familiar distante nas situações e diálogos. No entanto, um dia Nelly encontra uma menina, Marion (Gabrielle Sanz), muito parecida com ela num bosque perto dali e as duas ficam amigas. Aos poucos percebemos que as vidas de ambas possuem mais coisas em comum do que somente a aparência semelhante. Sciamma não faz mistério com o que vemos na tela, já que as duas meninas são praticamente idênticas e uma delas carrega o nome da mãe da outra. Sciamma conta a história nos detalhes, poupa seu elenco de verter lágrimas diante da câmera e conduz sua trama com cenas do cotidiano em que quase nada demais acontece (a construção de uma casa no bosque, o dia de fazer a barba do papai, um passeio de barco, a feitura de um bolo...). Pequena Mamãe é uma história de fantasia filmada como se fosse uma trama realista. Fala sobre família, sentimentos, perda, morte, vida... lindamente fotografado, o que o torna uma produção muito bonitinha (assim como as duas meninas), mas que não avança muito em suas possibilidades, dependendo muito da vontade do espectador comprar a ideia e se sensibilizar. Embora entenda a presença do luto na atmosfera, achei um filme bastante frio, especialmente com as duas meninas passando a maior parte do filme com a mesma cara. Embora a proposta seja um convite ao encantamento, o resultado é incrivelmente duro em sua formatação emocional. Parece ter vergonha de encantar, o que é uma pena.
Pequena Mamãe (Petite Maman / França - 2021) de Céline Sciamma com Joséphine Sanz, Gabrielle Sanz, Nina Meurisse, Stéphane Varupenne e Margot Abascal. ☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário