Matt, Tomasin e Anya: só desperdício. |
Podemos dizer que Edgar Wright tem três filmes nos pedestais da cultura pop (ainda farei um pódio sobre o moço), um é a melhor comédia sobre zumbis (Todo Mundo Quase Morto/2004), o outro é uma subestimada adaptação de HQ para (Scott Pilgrim Contra o Mundo/2010) e recentemente provou que filme de ação poderia ter alma de musical (Em Ritmo de Fuga/2017). Portanto, quando ele anunciou um novo projeto para a temporada de ouro, os olhos e ouvidos dos cinéfilos cresceram. Cresceram tanto que a expectativa chegou no topo e Noite Passada em Soho dividiu opiniões. A minha não é muito boa. O filme tinha tudo para dar certo, o visual é super caprichado na tentativa de emular a efervescência do bairro londrino, a fotografia é caprichada no uso das cores neon, os figurinos são competentes, os penteados são caprichados, o elenco é de encher os olhos, mas... faltou um roteiro sólido para dar alma para tudo isso. O filme conta a história de uma jovem órfã que pretende ser estilista e é aceita em uma conceituada faculdade em Londres. Assim que chega, Eloise (Thomasin Mckenzie) começa a ser hostilizada por suas colegas e, não bastasse isso, ela é sensitiva e tem o hábito de ter visões que ela não sabe muito bem o motivo. Chegando no Soho é como se ela viajasse para os anos 1960, ela fica fascinada com isso, mas tudo muda memso quando ela começa a ter visões repetidas sobre a vida de uma misteriosa garota (Annya Taylor-Joy), que também foi tentar a vida por lá e se envolveu em uma trama sombria no passado. Eloisa tenta desvendar os mistérios em torno da garota e o filme fica indo e voltando sem revelar nada de realmente surpreendente, até que um crime acontece e a trama se enrola mais ainda para desenvolver o labirinto em que se meteu. Particularmente eu comecei a desconfiar do filme quando ninguém avançava muito nos comentários sobre a trama em seu lançamento - e pudera, realmente ela é isso descrito acima - e se contar mais é o desfecho. Falando em desfecho, confesso que achei uma das coisas mais esquisitas os caminhos escolhidos pelo diretor para concluir a trama, afinal, ela é repleta de homens abusivos que em alguns momentos fazem o filme patinar no gelo de seus posicionamentos. Fosse uma ideia bem amarrada não teria problema, mas o gelo é finíssimo aqui, quebradiço até. Fora isso, me causou certo déjà vu esta mistura do ponto de partida e das cores do Suspiria (1977) de Dario Argento, com os delírios de Repulsa ao Sexo (1965) - tem cenas que parecem verdadeiras cópias deste último. A sensação de já vi este filme antes (e melhor) provocou alguns cochilos inevitáveis. Se você sente pena de ver Anya Taylor-Joy tentando dar dignidade aos caminhos previsíveis de sua personagem, repara no último trabalho da excepcional Diana Rigg como a senhoria da protagonista, ela faz até o filme parecer melhor do que é, mas nem sempre o talento é suficiente para operar milagres na sétima arte.
Noite Passada em Soho (Last Night In Soho / Reino Unido - China / 2021) de Edgar Wright com Thomasin McKenzie, Anya Taylor-Joy, Diana Rigg, Terence Stamp, Matt Smith e Connor Calland. ☻☻
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