Georg (Franz Rogowski) tinha a missão de guiar um escritor para fora da França após a ocupação fascista por lá. O escritor planeja ir para o México com sua esposa e devido a um imprevisto, Georg acaba assumindo a identidade do escritor perante a embaixada. O que era uma missão, acaba se tornando um plano para fugir do continente europeu antes que o regime totalitário impeça de vez a saída de países em que chega ao poder. Nem tudo sai como o planejado para Georg. Além de ter que convencer que é de fato o tal escritor, Georg ainda precisa provar que não representa uma ameaça para o regime a sua saída de Marselha. Como se isso não bastasse, uma mulher vive cruzando o seu caminho, Marie (Paula Beer). Embora esteja acompanhada de seu amante, Richard (Godehard Giese), ela está desesperada na busca por seu esposo, que estava sumido, mas agora ela recebeu a notícia de que ele está na cidade em busca de sua autorização para sair da Europa. Em Trânsito foi considerado o Melhor Filme do Festival de Berlim em 2018, levando o Urso de Ouro para casa com uma história sem época definida, que remete ao passado, mas que, infelizmente, também pode apontar para o futuro. O diretor Cristian Petzold embaralha a história de seus personagens que estão em rota de fuga, mas que por algum motivo sempre ficam presos no lugar em que estão, a sensação é que estão prestes a testemunhar o pior que está por vir. Obviamente que o filme remete diretamente a ascensão de Hitler na Alemanha e a sensação de desespero de quem desejava estar bem longe dali enquanto a escalada totalitária só crescia, mas Petzold faz questão de não localizar sua trama no tempo, denotando que aquela situação ainda é uma ameaça em qualquer período. Franz Rogowski está ótimo mais uma vez em cena, assim como Paula Beer, numa química sutil que repetiriam em Undine (2020) do mesmo diretor, e aqui também paira sobre os dois a sensação de que toda a história de amor que poderiam viver está fadada ao fracasso desde o início. No entanto, conforme caminha para o desfecho, Petzold acentua isso quando acreditamos estar próximos de um final feliz e o destino revela algo que só aumenta a culpa do protagonista. Não por acaso, Petzold apresenta o filme como a última parte de uma trilogia chamada Amor em Tempo de Sistemas Opressores, que é formado por Barbara (2012) e Phoenix (2014). Em Trânsito, com sua estética contemporânea e seus romances perdidos atemporais, prende a atenção ao reconstruir um pesadelo histórico que desejamos que seja algo preso somente ao campo da ficção.
Em Trânsito (Transit - Alemanha/2018) de Christian Petzold com Franz Rogowski, Paula Beer, Godehard Giese, Maryam Zaree, Lilien Batman, Sebastian Hülk e Alex Brendemühl. ☻☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário