Filme após filme, o novaiorquino James Gray conquistou fãs e admiradores entre os críticos. Sua carreira começou em filmes independentes como Fuga para Odessa (1994) e Caminho sem Volta (2000), ganhou cores de mainstream com Os Donos da Noite (2007) e Amantes (2008), ganhou ambição com Era Uma Vez em Nova York (2013), tons épicos com Z: A Cidade Perdida (2016) e de sci-fi com Ad Astra (2019), revelando um diretor cada vez mais ambicioso e diverso, no entanto, sua carreira sempre teve algo em comum: nenhuma indicação ao Oscar. Mesmo os atores que foram cotados ao prêmio, sempre ficaram de fora na reta final. Essa história parecia que mudaria com Armageddon Time, seu oitavo longa-metragem, e também o mais pessoal de todos: um registro de suas lembranças de infância. No entanto, quando o filme foi lançado nem os fãs e nem a crítica se empolgou, imagina o Oscar. Sem indicações mais uma vez, o filme está disponível no TelecinePlay para que você tire suas próprias conclusões. As minhas não são muito empolgantes. Parece que o diretor ao se ver diante de sua própria história (e considero que o que vemos aqui seja os momentos mais relevantes de suas memórias de menino), o cineasta não consegue empolgar a plateia com uma série de situações que não chegam a ser desastrosas, mas que soam um tanto desinteressantes. Seria maldade atribuir ao pequeno Banks Repeta a falta de empolgação gerada pelo filme, na pele do protagonista Paul Graff ele faz o que pode com as travessuras que tem em mãos. No geral ele fantasia e apronta o tempo inteiro durante o filme e quem paga o pato é seu amigo Johnny (Jaylin Webb), um menino negro e repetente que não é visto com bons olhos por nenhum outro personagem do filme. Johnny mora com a avó e já está bastante saturado de todo o preconceito ao seu redor, que cresce ainda mais com o discurso conservador pré-era Reagan nos Estados Unidos. Na casa de Graff, de origem judia, todos temem a eleição de Reagan para a presidência e se consideram perseguidos e excluídos, mas são incapazes de ver a perseguição e exclusão dos negros que estavam na mesma escola que seu filho caçula. Essa cegueira poderia ser o ponto mais interessante do filme, mas ela fica de lado, assim como qualquer outro resquício de boa história para contar. No fim das contas, o filme vira do avesso a ideia de "branco salvador" tão criticada no cinema e investe no oposto com a situação de Johnny piorando com as ideias mirabolantes de Paul. Em torno dos meninos estão Anne Hathaway como a mãe e Jeremy Strong como o pai da família Graff, mas a ternura ficaria por conta de Anthony Hopkins na pele do vovô confidente do protagonista. O trio se esforça, mas tem pouco a fazer em personagens sem muitas camadas a serem apresentadas. A fotografia sem vida também não ajuda, deixando a produção toda ainda mais cansativa. Talvez eu já esteja um tanto cansado de histórias de diretores lembrando de suas infâncias, mas a de Gray parece dizer que suas memórias são apenas sem sal.
Armageddon Time (EUA-2022) de James Gray com Banks Repeta, Anne Hathaway, Jerey Strong, Anthony Hopkins, Jaylin Webb, Andrew Polk, Ryan Sell e Jessica Chastain. ☻☻
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