sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

PL►Y: Clemência

 
Alfre: um trabalho assustador. 

Alfre Woodard estreou no cinema ao final dos anos 1970 e em 1984 foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por seu papel em Retratos de Uma Vida. A indicação foi a confirmação de que Alfre estava destinada a ser uma das melhores atrizes dos Estados Unidos. Desde então a atriz se consagrou principalmente por seus trabalhos na televisão, por seus papéis na telinha a atriz recebeu um Globo de Ouro e históricas dezesseis indicações ao EMMY - que a premiou em quatro ocasiões., Bastante respeitada em Hollywood, Alfre quase foi indicada novamente ao Oscar por seu trabalho em Clemência. Cotada para o prêmio, ela acabou ficando de fora, provavelmente por se tratar de um filme pequeno e de atmosfera bastante mórbida, afinal, tem como cenário  um presídio destinado à condenados à morte (um tema sempre controverso para a Academia). Alfre interpreta Bernardine Williams, uma das diretoras da instituição que enfrentou problemas no decorrer de uma execução e isso traz à tona seus conflitos sobre as situações que presencia através dos anos. Para complicar ainda mais, a mídia está cada vez mais atenta ao próximo prisioneiro a ser executado, Anthony Woods (Aldis Hodge), que evidências recentes começam a colocar em dúvida se ele é realmente culpado do assassinato de um policial. Bernardine construiu uma verdadeira armadura para os seus sentimentos, assim suporta as pressões de superiores, imprensa, detentos, familiares... no entanto, em momentos de intimidade, ela passa a impressão que está cada vez mais difícil suportar sua rotina de trabalho. Afinal, passar a maior parte do dia convivendo com pessoas que morrerão pelas suas mãos não é uma tarefa fácil, porém, este distanciamento distanciamento começa a afetar a vida fora do trabalho. Some isso aos aspectos familiares que começam a surgir conforme a execução de Anthony se aproxima e o filme se sustenta sem dificuldades. Além da performance de Alfre, vale destacar a presença de Aldis Hodge no elenco, o ator que chamou atenção recentemente em O Homem Invisível e Uma Noite em Miami, aqui já demonstrava ser um ator para se ficar de olho, já que seu papel aparece pouco, mas consegue dar a exata dimensão de um  ser humano angustiado e prestes a perder a vida. Este é o segundo filme da diretora e roteirista Chinonye Chukwuque  que demonstra segurança para não fazer concessões e o bom senso de não fazer piadinhas durante a história. Sem se perder em discussões sobre ser contra ou a favor da pena de morte, ela apenas apresenta um recorte bastante interessante sobre personagens que vivem esta realidade. Clemência é um filme que merece atenção, especialmente por ressignificar o título, que aos poucos começa também a se aplicar à protagonista que perde um pouco de si diante do seu ofício ao longo dos anos. 

Clemência (Clemency - EUA / 2019) de Chinonye Chukwuque com Alfre Woodard, Richard Schiff, Aldis Hodge, Wendell Pierce, Danielle Brooks, Richard Gunn e LaMonica Garrett. ☻☻☻ 

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