sexta-feira, 22 de março de 2024

PL►Y: O Astronauta

Sandler e o amigo aracnídeo: reflexões sobre a vida na Terra.

(Querido diário... faz semanas que comecei a escrever essa resenha, mas andei tão ocupado que cheguei a pensar em parar de escrever aqui no blog. De vez em quando esta vontade aparece, mas escrever por aqui ainda é um dos meus momentos favoritos nas horas vagas - o problema é que elas são cada vez mais raras). Acho que todo mundo já disse tudo o que devia sobre este filme da Netflix, mas acho que ainda vale a pena postar meu texto.) Embora não seja grande fã de Adam Sandler, devo reconhecer que o ator sabe tirar muito bem o proveito de seu contrato com a Netflix. Afinal, com suas comédias que caem na graça dos fãs de sempre, ele aumentar o catálogo da gigante do streaming e ainda aumenta sua popularidade. Ao mesmo tempo, encontra espaço aqui e ali para se aventurar por alguns trabalhos diferentes. Foi assim com Joias Brutas (2019) e Arremessando Alto (2022), estes projetos podem até não cair no agrado da maioria dos fãs do moço, mas lhe garante algo muito importante para um senhor de 57 anos que permanece firme e forte na indústria Hollywoodiana: ser levado a sério, tanto que lhe garantiu vagas em algumas premiações. O último título em que o ator demonstra saber fazer mais do que graça é O Astronauta, que entrou no catálogo da Netflix enquanto todo mundo só falava dos filmes indicados ao Oscar, e conseguiu alcançar bom público com uma ficção científica intimista que conta com direção do sueco Johan Renck. Renck pode não ser um nome muito conhecido no cinema, mas foi responsável por uma das melhores produções televisivas de todos os tempos, a minissérie Chernobyl (2019) da HBO. No cinema ele não fazia nada desde sua controversa estreia com Distúrbios de Prazer (2008), longa que garantiu à Maria Bello algumas indicações a prêmios do cinema independente. Experiente em clipes de artistas como Madonna, New Order e Suede, Renck demonstra aqui mais uma vez que possui ótimo domínio estético ao adaptar para o cinema o livro de Jaroslav Kalfar que explora a solidão de um astronauta no espaço em suas reflexões sobre a vida na Terra. Sandler encarna Jakub Procházka, que cresceu órfão no interior da República Tcheca e se torna o primeiro astronauta de seu país. Embora o revele que ele se torna uma espécie de símbolo, a missão passa por alguns problemas técnicos e piora mais ainda quando o casamento de Jakub entra em crise com a esposa grávida, Lenka (Carey Mulligan). Enquanto a equipe na Terra procura contornar esse problema doméstico, Jakub passa a ter companhia de uma criatura (com voz de Paul Dano) que o faz ponderar ainda mais sobre sua vida e suas escolhas. Renck opta por uma atmosfera contemplativa que funciona no início, mas se perde no meio do caminho por não saber muito bem para onde ir, muitas vezes se tornando repetitivo, deixando à cargo de Sandler e Dano envolverem o espectador com as reflexões do personagem. Qualquer um poderia imaginar que um filme em que Sandler passa boa parte do tempo conversando com uma aranha gigante poderia cair no ridículo, mas os envolvidos conseguem evitar que isso aconteça pegando emprestado alguns recursos já vistos em outras produções do gênero. Embora considere que o filme perca seu ritmo lá pela metade, confesso que achei interessante interessante  a abordagem das crises vividas por uma odisseia espacial em crise financeira e pessoal. É um filme que exige um pouco de paciência do espectador e que não alcança todas as notas que almeja, mas ainda assim merece atenção, nem que seja pelo seu elenco. 

O Astronauta (Spaceman / EUA - 2024) de Johan Renck com Adam Sandler, Carey Mulligan, Paul Dano, Isabella Rossellini e Kunal Nayyar.


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