Nina: em busca de encantamento.
Anna Bronsky (Nina Hoss) é uma professora de violino que atua em uma escola voltada para o ensino de música. Ela percebe no inseguro Alexander (Ilia Monti) o potencial para que se torne um músico digno de respeito e, apesar de seus colegas não perceberem nada demais no mocinho, a professora nota que dias de treino e aprendizado podem fazer muita diferença no talento do menino. Devidamente selecionado por ela, Alexander precisa se preparar para uma avaliação da escola e provar que é digno da vaga. Neste processo de preparação, vemos a dedicação de Anna junto a Alexander, mas também presenciamos como a vida da professora enfrenta problemas em sua partitura. A começar pelo relacionamento dela com o filho, Walter (Thomas Thieme), igualmente aluno da escola de música e violinista em formação, existe uma relação bastante tensa, provavelmente por conta da pressão que existe sobre a relação da família com a música e o reconhecimento que ela pode proporcionar. A simples existência de Alexander como um discípulo de sua mãe parece incomodar bastante o menino. O casamento de Anna também soa disperso, especialmente por conta de um relacionamento extraconjugal que ela possui com um colega, Christian (Jens Albinus) com quem tenta espantar o marasmo de seu regrado cotidiano. Existe também um fator que influencia muito a relação da protagonista com a música, e quem mais esteja próximo dela, mas não vou contar para não estragar as surpresas de um filme bastante introspectivo, mas que se torna envolvente por conta do trabalho dos atores, especialmente de Nina Hoss que foi considerada a melhor atriz do Festival de San Sebastian em 2019. Ainda que seja uma personagem aparentemente comum, paira sobre ela um mistério que a torna bastante instigante em seus conflitos entre a rigidez e a busca por um tanto de encantamento em seus dias marcados por dedicação, insegurança e as provocações de ambientes em que você é testado a todo instante. A diretora Ina Weiss constrói um drama elegante, sem apelações e o estrutura a partir dos encontros ásperos entre seus personagens. Basta sentir a tensão no ar nas aulas de Anna com Alexander (e o novato Ilja Monti é um verdadeiro achado na forma como parece prestes a explodir com o rosto cada vez mais corado a medida que seu esforço cresce para conseguir sua cobiçada aprovação). Por vezes o filme parece uma versão mais contida de Whiplash (2015), mas deixando o papel de algoz para o pequeno Walter e a estranha sensação de nunca ser bom o bastante à sombra de sua mãe. Minha maior ressalva quanto ao filme é o desfecho que deixa uma pergunta no ar enquanto espectador ainda lida com o nó na garganta.
A Professora de Violino (Das Vorspiel / Alemanha - França / 2019) de Ina Weisse de Nina Ross, Ilja Monti, Simon Abkarian, Jens Albinus, Thomas Thieme, Sophie Rois e Alexander Hörbe. ☻☻☻☻
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