Reynolds: pai-herói sofrido.
Todo ator tem aquele momento em que quer ser levado a sério. Geralmente ele procura papeis mais dramáticos para demonstrar que pode inserir camadas diferentes nos personagens que defende e, se o filme for aclamado, sua carreira recebe novo fôlego com filmes de prestígio e até prêmios. Hoje Ryan Reynolds pode ser considerado um astro consagrado em Hollywood pelo seu apelo com Deadpool, personagem que podemos identificar que é repetido reinterpretado em vários outros filmes do moço desde então. No entanto, faz dez anos que o Sr. Blake Lively tentou ser reconhecido por seus músculos mais dramáticos no drama À Procura. A assinatura do cineasta Atom Egoyan garantiu até uma vaga na disputa pela Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2014, mas a crítica e o público encontraram dificuldades para ver grandes méritos no filme. A história gira em torno do desaparecimento de uma menina. O pai, Matthew (Reynolds), a deixou no carro enquanto foi em uma lanchonete para comprar uma torta, mas ao retornar, a pequena Cassandra não estava mais por lá. Começa então uma jornada para encontrá-la com a ajuda da investigadora Nicole Dunlop (Rosario Dawson) e o detetive Jeffrey Cornwall (Scott Speedman), este considerando que Matthew tramou para vender a própria filha para quitar suas dívidas. Com o desaparecimento, o casamento de Matthew com Tina (Mireille Einos) cai por terra, já que ela desconta toda sua raiva atribuindo culpa ao marido pelo desaparecimento da filha. Paralelo a esta família em ruínas, existe uma investigação para encontrar Cassandra que atravessa vários anos, sendo que a plateia sabe desde o início o que acontece com a menina. Sim, ela está viva e envolvida em situações sombrias na internet. Agora, pegue a sinopse apresentada acima e embaralhe os tempos na narrativa, indo e voltando no tempo de forma confusa, o que prejudica muito na construção de uma tensão gradativa ao longo do filme. A opção adotada pela montagem do filme prejudica ainda mais os problemas que o filme já possui, a começar pela forma pouco convincente como é apresentada a relação entre Cassandra (quando crescida vivida por Alexia Fast) com seu exagerado sequestrador (Kevin Durand). A tensão entre o pai com os outros personagens também é feita sem muito cuidado em sua construção, apresentando tudo de forma áspera e apressada, assim como a forma como caminhamos para a resolução da história que se conclui de forma simples e sem maiores surpresas. Ryan se esforça um bocado para dar dignidade ao seu personagem, mas o roteiro (assinado pelo diretor ao lado de David Fraser) e a montagem não ajudam muito a dar credibilidade à história que em busca de criar elementos originais para a história, acaba beirando o absurdo. O estrago feito pelo desaparecimento de filhos da vida dos pais é um tema recorrente na cinematografia de Egoyan, basta lembrar das semelhanças deste com Sem Evidências (2013) lançado um ano antes, baseado numa história real arrepiante dos Estados Unidos, além da obra-prima O Doce Amanhã (1997), que lhe rendeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e as indicações ao Oscar de roteiro adaptado e melhor direção. No entanto, À Procura rende menos que os seus semelhantes pela execução tão confusa quanto seu roteiro.
À Procura (The Captive / Canadá - 2014) de Atom Egoyan com Ryan Reynolds, Cott Speedman, Rosario Dawson, Mireille Enos, Kevin Durand, Alexia Fast, Bruce Greenwood, William MacDonald. ☻☻
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