O Dogma 95 deve ser o último movimento cinematográfico mais badalado mundialmente. O D95 foi lançado em 13 de março de 1995 através de um manifesto assinado pelos dinamarqueses Lars Von Trier e Thomas Vinterberg. No manifesto, havia dez regras de verdadeiro "celibato cinematográfico" (que configuraram uma espécie de vanguarda técnica no final do século XX), as regras incluíam o não uso de cenários montados, captação direta do som (incluindo a trilha sonora), uso de câmera na mão, ausência de iluminação especial e até ausência do nome do diretor nos créditos. Essa tentativa de construir filmes mais realistas recebeu vários adeptos pelo mundo, inclusive no Brasil que lançou Funeral em Família/2009. Alguns dos preceitos podem ser vistos em vários filmes de diretores que posam de "estilosos" do cinema atual, mas se você quiser conhecer a origem de tudo isso precisa conhecer alguns filmes importantes do movimento:
05 Fuckland (2000) escrito e dirigido por José Luis Márques o filme foi totalmente realizado em câmera digital e seguindo vários preceitos do Dogma 95 para contar a história de Fabián Stratas, um mágico e comediante argentino que resolve criar um plano até ingênuo: engravidar mulheres de uma localidade de domínio dividido entre o Reino Unido e a Argentina (a Falkland Island, de onde saiu o trocadilho do título). O filme teve grande repercussão mundial (inclusive no Brasil) e criou mais burburinho por ser feito clandestinamente, sem autorização do governo de Flakland e sem contar à namorada de Stratas suas verdadeiras intenções de guerrilha!
04 Italiano para Principiantes (2000) Antes de partir para Hollywood e fazer filmes como o ótimo Educação/2009 e o nem tanyo Um Dia/2011 Lone Scherfig ganhou fama com esse filme sobre um jovem pastor que chega numa cidade dinamarquesa e aceita a sugestão de frequentar um curso noturno para aprender a italiano. As aulas servirão para que ele ajude um grupo de pessoas com histórias de vida complicadas, mas que aos poucos irão aprender a superar seus problemas. Lone foi a primeira mulher a aderir ao movimento Dogma 95 e foi premiada no Festival de Berlim por introduzir doses generosas de otimismo o movimento.
03 Mifune (1999) Soren Kragh-Jacobsen sabia que os filmes do movimentos não deveria se restringir a gêneros, mas diferente dos seus colegas que faziam filmes pesadões, ele pegou um ponto de partida bastante dramático para criar uma comédia romântica memorável: um homem que interrompe a lua-de-mel devido a morte do pai - que vivia numa fazenda decadente acompanhado de
um filho problemático. Para dar conta do casamento e seus novos afazeres, ele contrata uma empregada linda e delicada (papel de Iben Hjejle que depois fez Alta Fidelidade/2000 com John Cusack) - o que ira gerar algumas situações tragicômicas durante a sessão. Quem está acostumado com o tom pesaroso dos dogmáticos pode estranhar a sessão...
02 Os Idiotas (1997) Antes de jogar as regras do movimento para o espaço (e fazer um musical com Björk), Lars Von Trier criou a experiência mais radical do Dogma 95 ao contar essa história sobre um grupo de pessoas que busca o "idiota anterior" para perder suas inibições. Assim, eles começam a se comportar como se fossem... idiotas! - uma forma de desafiar as convenções sociais e o tratamento pouco criativo e pouco desafiador dado à inteligência. São quase duas horas de provocações do diretor, incluindo cenas de nudez e sexo explícito. Para quem acha que o que ele faz em Ninfomaníaca/2013 é novidade em sua carreira...
01 Festa de Família (1998) Thomas Vinterberg caiu nas graças da crítica mundial com o filme mais cultuado do D95. O uso da câmera trêmula diante de um episódio familiar chocante foi fundamental para o sucesso do filme. Afinal, a câmera nos faz sentir um convidado diante do turbilhão de emoções vivido pela família que precisa lidar com uma terrível revelação: de que o patriarca da família (Henning Moritzen) abusou sexualmente de seus filhos por muito tempo (um deles até se suicidou). Filmado e escrito de forma crua, Festa de Família chegou como uma bomba nos cinemas e foi indicado a vários prêmios (incluindo o Globo de Ouro de filme estrangeiro). Pena que só recentemente, Vinterberg acertou a mão novamente com A Caça/2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário