Milo e Ian: dupla interessante.
Já exibido em alguns festivais e mostras no Brasil, Sr. Holmes já pode ser visto nos cinemas. em torno do filme existe uma grande expectativa para gerar uma indicação ao Oscar a Ian McKellen, que dá corpo e alma para uma versão idosa do consagrado detetive Sherlock Holmes. O filme é assinado por Bill Condon, que finalmente lança um bom filme após uma década patinando em produções questionáveis. Condon e McKellen já trabalharam juntos em Deuses e Monstros (1998), filme que rendeu a primeira indicação ao Oscar de Ian e a estatueta de roteiro adaptado para o cineasta. Partindo da ideia de que é sempre interessante imaginar como seria o passar do tempo para personagens literários consagrados, o escritor Mitch Cullin lançou o livro "A Slight trick of the Mind", onde imagina como seria a velhice do personagem antológico de Arthur Conan Doyle no mundo real. Assim, Holmes já está aposentado e procura alguma lógica no mundo após ter visto duas Guerras Mundiais. Talvez por sentir-se derrotado perante os horrores que a humanidade foi capaz de realizar, Holmes vive recluso numa casa na costa da Inglaterra, onde convive apenas com a governanta (Laura Linney, em bom desempenho) e o filho dela, o pequeno Roger (Milo Parker, uma achado). Longe de querer ser um filme de Sherlock Holmes, o filme procura explorar a relação de Sr. Holmes com o pequeno Roger, enquanto a mente desse senhor de 93 anos começa a traí-lo a do menino está em ebulição criativa e curiosa. São nas conversas com Milo, que Holmes percebe a necessidade de passar sua história a limpo, do relacionamento com o amigo fiel Sr. Watson temos apenas um vislumbre e os casos começam a se confundir na mente do experiente detetive. O filme utiliza alguns elementos que remetem diretamente à atmosfera dos livros sobre o detetive, mas de forma a contemplar, como seria o olhar de Holmes sobre tudo o que aconteceu se ele realmente existisse. Ian McKellen está excelente em cena, atribuindo sutileza e inteligência ao personagem que recebeu versões mais modernas na última década, trata-se de um belo trabalho do ator que se beneficia de uma química excepcional com o novato Milo Parker, especialmente com a subtrama sobre abelhas e vespas, onde o menino demonstra ser um belo discípulo (do ator e do personagem). Ao contrário de suas produções anteriores, Bill Condon aposta na economia para conquistar o expectador e o resultado consegue ser melancolicamente envolvente graças a um tempero cômico. Trata-se do tipo de filme que não se tornará um grande sucesso de bilheteria, mas pode ficar na memória de quem embarcar nessa fantasia simples e bem construída.
Sr. Holmes (Mr. Holmes/Reino Unido - EUA/2015) de Bill Condon com Ian McKellen, Laura Linney, Milo Parker e Hiroyuki Sanada. ☻☻☻
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