Krysten e David: o poder da sugestão em clima noir.
Depois do sucesso absoluto de Demolidor (que está entre as minhas séries favoritas do ano), o Netflix lançou no dia vinte de novembro, em escala mundial, seu novo programa em parceria com a Marvel Studios: Jessica Jones. Dos quatro personagens da editora que aparecerão em programas do canal, Jessica deve ser a menos conhecida (além do já citado Demolidor, Luke Cage e Punhos de Ferro terão suas próprias séries antes de se reunirem em Os Defensores). Diferente da agressividade da outra série ambientada em Hell's Kitchen, Jessica Jones investe num clima noir desde a primeira cena, algo mais do que coerente, já que a personagem (vivida por Krysten Ritter, famosa por sua atuação em Breaking Bad) é apresentada como uma detetive particular após passar por problemas com seus poderes no passado. Esses problemas tem um grande responsável: Kilgrave (David Tennant), um vilão sem poderes colossais, riquezas ou genialidade, mas que consegue destruir qualquer pessoa com seu poder de sugestão. Desde o primeiro episódio, a série apresenta vários personagens que orbitam em torno da heroína, de sua amiga famosa Trish Walker (Rachael Taylor), passando pelo casal de vizinhos irmãos e o futuro esposo de Jessica (pelo menos nas HQs) Luke Cage (Mike Colter), o que beneficia o desenrolar da história. Além de mudar a cor do cabelo da protagonista (que aparecem mais negros que nunca), a série ousa mudar o sexo do advogado que costuma trabalhar com Jessica, transformando Jeryn Hogarth em Jeri Hogarth (Carrie-Anne Moss) que é lésbica. Nos treze episódios, somos apresentados aos conflitos de Jessica com o seu passado, sua dificuldade em se ajustar a uma vida aparentemente normal depois de estar sob o domínio de Kilgrave, que aos poucos demonstra seu interesse amoroso por ela - ou será apenas o gosto de sentir seu domínio por alguém que insiste a resistir a ele? Por ser uma super-heroína diferente, várias pessoas tem percebido no programa fortes cores feministas, mas eu não chegaria a tanto, mas diante da euforia, os roteiristas podem aprofundar essa característica nas próximas temporadas. Porém, embora considere o programa interessante, achei a cadência dos episódios um tanto irregular e até cansativos em sua necessidade de adiar as revelações sobre sua protagonista, alimentando seu aspecto sombrio de forma um tanto repetitiva. No entanto, a série se beneficia do bom elenco que consegue driblar o que há de mais delicado em sua concepção: abordar os super-poderes de forma realista. Krysten consegue brincar com, certa canastrice, o descrédito em torno de sua personagem, assim como Tennant se alimenta do quanto o seu poder parece absurdo a primeira vista. Jessica Jones já tem fãs fiéis, mas sua segunda temporada corre o risco de ser adiada indefinidamente por conta do calendário de produções da Marvel no site. No entanto, Jessica (assim como Demolidor) demonstra que a Marvel é extremamente esperta ao explorar uma nova linguagem para os seus heróis fora das telonas. Se Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D personifica a fase bem humorada de suas fases iniciais no cinema, as séries do Netflix apontam para outra direção, mais sóbria, realista e madura para a nova fase de aventuras da editora.
Jessica Jones (EUA/2015) de Melissa Rosenberg com Krysten Ritter, David Tennant, Carrie-Anne Moss, Mike Colter, Rachael Taylor e Eka Darville. ☻☻☻
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