Mads: a melhor coisa do filme.
Não resta dúvidas de que o dinamarquês Mads Mikkelsen é um dos atores mais interessantes do cinema. Premiado por suas performances complexas, de vez em quando ele dá o ar da graça em filmes que sem ele seriam facilmente desprezados. Este é o caso de Polar, filme original da Netflix que é uma adaptação dos quadrinhos criados por Victor Santos. No filme, Mads interpreta o assassino profissional Duncan Vizla que está prestes a se aposentar após acumular uma pequena fortuna... mas que percebe que para isso terá que escapar de uma série de emboscadas orquestradas pelo vilão da história. Com vários colegas do trabalho em seu encalço, ele vai morar no gélido estado de Montana em busca de sossego. No entanto, basta a primeira noite em sua nova casa para perceber que anos de serviços regados à muito sangue lhe deixaram sempre alerta. Quando ele começa a ter amizade com uma jovem vizinha (Vanessa Hudgens), você já imagina o que vai acontecer lá pelo meio da história. Em tempos de John Wick é impossível não perceber que o diretor Jonas Akerlund queria faturar em cima de um assassino cansado de seu ofício, a diferença é que Jonas está longe de ser um bom cineasta. Basta ver os minutos iniciais para lembrar que o rapaz fez carreira dirigindo vídeo clipes (fez vários para a banda Roxette quando, trabalhou com Prodigy, Cardigans, Metallica e Madonna), mas sua narrativa tende a ser tão fragmentada e carregada que desperta somente indiferença. Com atores ele também não consegue fazer muito mais do que pedir para que façam pose diante da câmara, sobra estilo, mas falta profundidade nas atuações. A sorte é que Mads Mikkelsen tem recursos suficientes para ganhar o espectador para acompanha-lo em sua jornada sangrenta. Devo admitir que Vanessa Hudgens também é esforçada e convence como a mocinha frágil e um tantinho mais amedrontada do que deveria. É a dupla que dá credibilidade para uma história que exagera nos momentos de sadismo (devo mencionar que pulei todas as cenas dos matadores fazendo vítimas até encontrar seu alvo?). O filme até brinca com a similaridade com John Wick quando coloca um cachorro em cena para forçar que os dois personagens são diferentes logo a seguir. Some isso a peitos, bundas (haja closes), sexo e sangue, muito sangue e você terá uma ideia do que é o filme. Este é o quinto longa-metragem de Akerlund e ele já deveria ter um pouco mais de segurança na hora de contar suas histórias. Digam ao moço que picotar a edição não quer dizer tornar a história mais interessante.
Polar (Alemanha/EUA - 2019) de Jonas Akerlund com Mads Mikkelsen, Vanessa Hudgens, Katheryn Winnick, Fei Ren, Matt Lucas e Robert Maillet. ☻☻
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