Vou começar dizendo que não tenho dúvidas de que Hugh Jackman é um ator talentoso. Apesar de muita gente considerar que é na pele de Wolverine que o australiano tem seu melhor trabalho, o moço já demonstrou várias vezes que é capaz de muito mais. Talvez isso seja o que mais tenha pesado na hora de ter decretado a sua despedida do personagem junto ao avanço da idade (afinal, Hugh já completa 53 anos, 21 somados à idade apresentada no primeiro filme dos X-Men). No entanto, tenho pena do que ele fará da carreira daqui para frente, basta ver este Caminhos da Memória, sob um título que mais parece um documentário sobre neurociência esconde um filme cheio de ideias, mas que nem todo o talento envolvido é capaz de fazer decolar. Com roteiro e direção assinados por Lisa Joy (roteirista de Westworld) a história parece promissora com sua ambientação em uma Miami futurista inundada por conta do aquecimento global. Por conta desta catástrofe natural de escala mundial, muita gente perdeu a vida, além de amigos e entes queridos, de forma que surge um negócio bastante promissor que é revirar as memórias em busca dos momentos que deseja reviver. A trama gira em torno de Nick Bannister (Hugh Jackman) que utiliza uma parafernália tecnológica para que as pessoas tragam as lembranças desejadas novamente à tona. Se alguns o fazem por pura nostalgia, outros utilizam para lembrar acontecimentos importantes e até solucionar crimes. Diante destas possibilidades, Lisa Joy constrói um cenário interessante para uma trama noir futurista, mas descamba logo para o romance mais tosco com pitadas de investigação policial, afinal de contas, Nick se apaixona por uma cliente (Rebecca Ferguson) que desaparece e a partir daí ele revira suas próprias lembranças para encontrar alguma pista sobre o que pode ter acontecido. Conforme ele revira as memórias, o filme se torna cada vez mais sonolento. Com tantos recortes, idas e vindas, reviravoltas, surpresas e tudo mais o que você possa imaginar, o filme só esqueceu do principal que foi construir uma sustentação para o romance que lhe serviria de base. O clima entre o casal é construído de forma tão apressada que em momento algum eu fiquei interessado em saber que rumo aquela situação daria. Desperdiçando a estética original em sua costura (afinal, mistura referências de uma penca de filmes com eficiência), o filme confirma os cacoetes estilísticos de Westworld que cada vez mais depende dos truques narrativos para fazer de conta que tem uma história genial. Caminhos da Memória vai pelo mesmo trajeto, só que em quase duas horas de duração já deixa claro que não tem muita coisa para contar (só precisa se contorcer no que já foi dito e vivido várias vezes).
Caminhos da Memória (Reminiscence / EUA -2021) de Lisa Joy com Hugh Jackman, Thandiwe Newton, Rebecca Ferguson e Natalie Martinez. ☻☻
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