05 A Gaiola das Loucas (1996) Fiquei em dúvida se colocava Nathan Lane em quinto ou Robin Williams (por Uma Babá Quase Perfeita/1993) nesta lista. Como Williams não está nem entre meus duzentos atores favoritos e sempre que penso em Lane eu lembro dele bancando a matriarca nesta comédia de Mike Nichols, bem... você já sabe quem está na lista! Lane já tinha o seu fã clube no teatro quando topou entrar nessa refilmagem da famosa comédia italiana e seu trabalho é magistral. Não me refiro aos seus trejeitos efeminados ou histerias, mas no exato momento em que se veste de mulher temos certeza de que àquela forma o personagem se completa. Lembro quando minha mãe viu o filme e se questionou porque o estranhamento perante o personagem desaparece quando dele se veste de mulher. Apesar de ser uma comédia que apela para a caricatura, Lane nos faz lembrar que todos somos pessoas, a questão de ser masculino ou feminino é algo que transcende a genitália. Acho que é essa a lição que o visitante (político conservador vivido por Gene Hackman) precisa aprender.
04 Café da Manhã em Plutão (2005) Cillian Murphy geralmente aparece em papéis pequenos sendo coadjuvante de Christian Bale (Batman Begins/2005) ou Leonardo DiCaprio (A Origem/2010), o fato é que Murphy consegue carregar um filme nas costas facilmente e basta ver este filme de Neil Jordan para ver que o cara é competente! Por sua atuação foi até indicado ao Globo de Ouro de melhor ator de comédia/musical. Apesar do nome esquisito, Café da Manhã em Plutão é um filme que lembra muito Forrest Gump (1994), só que com cores mais... digamos... vibrantes! Murphy é Patrick, um menino que cresce sabendo ter sido abandonado pela família nos conturbados anos 1970 na Irlanda! Seus pais adotivos estão prestes a fazer o mesmo quando percebem que o rapaz vai sair do armário! Não, mais que isso: Patrick assume-se mulher! Misturando fatos históricos à trajetória de Patrick o filme conta com ótima trilha sonora, coadjuvantes de prestígio, montagem ágil e uma atuação histórica de Murphy. Deu tão certo que Murphy resolveu fazer uma versão hardcore de Patrick no recente Peacock (2010).
03 O Ano em Que Vivemos em Perigo (1982) Entre o pessoal que já vestiu as vestes do sexo oposto, o caso de Linda Hunt é um dos mais notáveis. Pra começar ela conseguiu roubar a cena de Mel Gibson e Sigourney Waver num filme de Peter Weir. O filme se passa no ano de 1965 em meio à uma revolução na Indonésia onde um repórter (Gibson) passa por perigos enquanto se apaixona por uma funcionária da embaixada britânica (Weaver) e conta com somente com a ajuda de um repórter anão. Onde Linda Hunt entra nessa história? Bem, Linda é o anão em pessoa! A atriz realiza um trabalho tão notável que colecionou vários prêmios pela atuação, incluindo o Oscar de atriz coadjuvante - um feito inédito onde um artista ganhou o prêmio por interpretar um personagem do sexo oposto.
02 Traídos Pelo Desejo (1992) Há quem diga que o filme de Neil Jordan perde muito de sua graça quando descobrimos o segredo de sua mocinha. Quase vinte anos depois de seu lançamento ainda é um SPOILER dizer que sua mocinha não é bem uma mocinha? Não é todo dia que se vê um filme que mistura travestis e terrorismo (se bem que Jordan misturou esses temas novamente em Café da Manhã em Plutão/2005). Um guerrilheiro irlnadês (Stephen Rea) promete a um soldado inglês sequestrado que, se ele morrer, cuidará da namorada dele. Terrorista de palavra, acaba conhecendo a tal: uma cantora da noite que guarda um segredo que surpreendeu muita gente - até por conta da androginia de Jaye Davidson (que desapareceu do universo depois de ter feito poucos filmes). Apesar de seu porte e traços delicados ajudar um bocado, o trabalho de composição do ator é surpreendente (o que lhe valeu uma merecida indicação ao Oscar de coadjuvante). Para curtir ao som da versão de The Crying Games de Boy George...
01 Tootsie (1982) Devo ter visto algumas dezenas de vezes esta que é sem dúvida uma das melhores comédias americanas de todos os tempos. Existem vários motivos para isso, além do roteiro saboroso (com críticas que vão do mundo artístico à forma como as mulheres são mostradas na televisão) tem uma atuação matadora de Dustin Hoffman. Hoffman é um dos melhores atores vivos do cinema americano, mas faz tempo que inventaram que ele só pode dar conta de papéis menores que seu talento. Neste, ele interpreta um ator que não consegue emprego faz tempo (alguns o acham velho demais, outros consideram que seja baixo demais, os que sobram pensam que ele é encrenqueiro mesmo) e no desespero de ter que pagar suas contas acaba conseguindo um papel numa novela televisiva, só que fingindo ser uma mulher. Colecionando fãs e admiradores, este é o ponto de partida de um filme que brinca com as relações entre o gênero masculino e feminino com maestria. Para completar a confusão ainda contamos com atuações inspiradas de Jessica Lange, Teri Garr e Bill Murray em piadas sobre gêneros.
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