quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DVD: A Garota da Capa Vermelha


Seyfried: a nova aventura crepuscular de Hardwicke.

Virou moda reciclar clássicos da literatura infantil. O estopim de tudo isso pode ser o sucesso de Shrek (2001) que já rendeu filmes como Deu a Louca na Chapeuzinho (2005),  mas agora a moda é transformar os clássicos em obras para os mais crescidos como ocorreu no o decepcionante Alice no País das Maravilhas (2010), e o menos badalado Fera (2011). Agora é a vez de A Garota da Capa Vermelha (2011) chegar nas locadoras. O fato é que sua diretora, Catherine Hardwicke, ainda me deve um filme bom. Pode parecer implicância, mas ainda não consegui ver nada de interessante no cinema desta diretora, todos me soam primários demais (mesmo o badalado Aos 13, lançado em 2003). Podem dizer que ela tem sintonia com os anseios do público adolescente, mas nem isso me convence (afinal, se ela entende tanto assim de adolescentes, porque o seu sucesso de bilheteria é o tosco Crepúsculo/2008 , que é no mínimo um xarope que deu sorte de ter Robert Pattinson entre os iungredientes). Catherine resolveu pegar a história da Chapeuzinho e dar uma conotação mais adulta e o resultado consegue ser mais infantil que o original (precisa dizer as simbologias originais da escolha da cor vermelha ou o que significa a ameaça do Lobo Mau?). Hardwicke até decorou o discurso literato de que os clássicos infantis lidavam com questões morais e retratavam um período obscuro na forma como as crianças eram tratadas, mas daí fazer um triângulo amoroso onde uma das vértices é um lobisomen... a coisa complica! Considero impressionante a cara de pau com que o roteiro utiliza recursos manjados para contar sua história: Valerie (Amanda Seyfried, que é até talentosa, mas precisa mudar de agente se pretende ser levada a sério) está prometida para um rapaz (Max Irons, o filho de Jeremy Irons), mas é apaixonada por um amigo de infância (Shiloh Fernandez) com o qual vive se amassando por aí. Nem vou levar em consideração que a trama parece ser ambientada na Idade Média, mas todos se comportam como se vivessem no século XXI (inclusive o discurso modernoso de Shiloh e seu cabelo arrepiado). Para incrementar a trama meteram um lobisomen no lugar do lobo mal. A ideia podia ser até interessante se Hardwicke não parecesse querer fazer um novo Twilight, chegando ao ponto de escalar o ator Billy Burke (o pai da insossa Bella de Kirsten Stewart) para ser o pai de sua chapeuzinho. Embora as qualidades técnicas e do elenco sejam infinitamente superiores a Crepúsculo, o filme não empolga por não acertar no tom da narrativa. Não parece um romance, um filme de terror ou uma aventura, são apenas ideias mal alinhavadas nas mãos de uma diretora que ainda precisa comer muito feijão com arroz. Se existe algo que chama atenção em suas obras recentes é não ter medo de parecer ridículo (a cena em que Valerie conversa com o Lobisomen a primeira vez é de rolar de rir), mas é preciso ter muito pulso para saber converter isso em algo positivo. Arrecadando menos nas bilheterias americanas (37 milhões) do que custou (45 milhões) o filme joga fora uma boa direção de arte e uma fotografia bem cuidada - e esses aspectos podem até fazer o longa parecer melhor do que é. Resta agora esperar a nova versão de Branca de Neve na pele de Kirsten Stewart (medo!) tendo que sobreviver à sua madrasta (Charlize Theron).

A Garota da Capa Vermelha (Red Hidding Hood/EUA-2010) de Catherine Hardwicke, com Amanda Seyfried, Max Irons, Gary Oldman, Shiloh Fernandez, Virginia Madsen e Max Irons.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário