Garcia: Hora de se transformar...
Sempre acho engraçado quando vemos um filme e reconhecemos o ator principal mas não lembramos de onde. Recentemente isso aconteceu quando assisti essa divertida comédia francesa estrelada por José Garcia. O nome (como não podia deixar de ser) não era estranho, a fisionomia era familiar, mas acabei pensando que estava confundindo o ator com Robert Downey Jr (em alguns momentos a semelhança entre eles é assustadora). Terminado o filme eu lembrei de onde conhecia o tal José! Era do filme O Corte (2005), comédia dramática de humor negro dirigida pelo celebrado diretor grego Costa-Gravas. Se naquele filme Garcia vivia um homem apático que via-se desempregado e passava a assassinar seus concorrentes a um emprego, aqui ele vive um bancário certinho, que por uma armação da polícia, precisa se passar pelo irmão gêmeo que ele nem conhecia. Podem dizer que é uma fórmula gasta, mas Garcia encarna o personagem de forma deliciosa, especialmente em sua transição. O certinho de terno e cabelo repartido, precisa aprender a se comportar como um gigolô desbocado, descabelado, violento e com um piercing no mamilo que é um microfone para futuras investigações. Além disso, terá que lidar com naturalidade com as três beldades tentadoras que trabalham para o mano e as desconfiança dos bandidos a serem investigados, que já desconfiavam que oi verdadeiro era um traidor. Equilibrando humor com doses de violência desmiolada (como era uma penca de sucessos da década de 1980) o filme consegue divertir com as trapalhadas do personagem e o carisma de José Garcia que parece bastante a vontade em cena. São hilariantes as cenas em que ele precisa entrar em ação e deixa evidente que não faz a mínima ideia do que fazer! Exemplo disso é seu encontro disfarçado com a mãe (vivida pela primeira musa de Pedro Almodóvar, Carmen Maura). Sem saber que ele é o filho abandonado por ela décadas atrás, ela descreve os motivos pouco lisonjeiros que a levou a abandonar o menino. É claro que o filme tem aquelas cenas que deixam claro que o objetivo do filme é apenas fazer a plateia gargalhar (como a cena de dança para escapar dos criminosos ou a citação aos filmes de Tarantino numa garagem). O filme só poderia costurar melhor as cenas - que parecem mostradas de forma um tanto aleatória, mas no meio das risadas quem se importa? Mas quem liga para isso diante do final amoral que declara de vez que o filme não tem compromisso com o politicamente correto. Depois de rir por hora e meia diante da TV, não vou me surpreender se Hollywood fazer uma refilmagem desse filme (e escalar Robert Downey Jr para protagonista).
Aprendiz de Gigolô (Le Mac/França-2010) de Pascal Bourdiaux com José Garcia, Gilbert Melki, Carmen Maura e Catalina Denis. ☻☻☻
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