Hoult: o joão crescido e seu pé de feijão.
Nada contra os bons diretores se dedicarem a filmes de aventura para a molecada torrar a mesada em salas de cinema, mas muitas vezes me vem à cabeça que todos aqueles efeitos especiais e somzão servem apenas para disfarçar um enorme desperdício. Bryan Singer começou aclamado com Os Suspeitos (1996), filme que ganhou o Oscar de ator coadjuvante para Kevin Spacey e o de roteiro original (para Christopher McQuarrie). Depois o diretor fez o subestimado O Aprendiz (1998) com o veterano Ian McKellen e o falecido jovenzinho Brad Renfro. Apesar do filme ter sido ignorado nas premiações, serviu para deixar claro seu estilo elegante em lidar com histórias (no caso uma de Stephen King) e elenco. Talvez pela forma como borrava as fronteiras entre mocinhos e vilões em sua filmografia, Singer foi convidado para levar aos cinemas os heróis de X-Men (2000) e com ele, Singer criou um novo padrão para produções de histórias em quadrinhos. As desconfianças em torno do diretor se dissolveram no anabolizado X-Men2 (2003) e rendeu até uma nova versão do Homem de Aço em Superman: O Retorno (2006). De volta aos filmes sérios, o diretor fez Operação Valquíria (2008) que não alcançou o sucesso esperado. Para quem quer voltar a ter prestígio, adaptar João e o Pé de Feijão para o Século XXI é um projeto de risco. Sinto que ainda estão devendo uma releitura de conto de fada que preste nessa nova onde de Hollywood e nem Singer escapa do gosto de decepção que o filme deixa quando termina. É verdade que os efeitos especiais de primeira estão lá, o som ensurdecedor, os efeitos 3D, o cuidado com a produção, mas não consigo enxergar Singer em nada disso, ele me parece que se tornou um mero operário da indústria de filmes. Pelo menos o elenco é interessante, juntando Ewan McGregor num papel mais físico do que os que tem aparecido, Stanley Tucci bancando o vilão novamente e o crescido Nicholas Hoult - que é um dos meninos dos olhos de Hollywood atualmente - como protagonista, mas eles poderiam ser substituídos por qualquer outro em cena, já que os personagens não tem nada de especial. O roteiro faz apenas pequenas alterações na história do menino que troca seu cavalo por feijões mágicos e acaba enfrentando um gigante. As alterações são poucas, o menino agora é um adolescente, ele não enfrenta um gigante, mas vários... além disso colocaram aquele verniz romântico do garoto da plebe que se apaixona pela princesa que precisa ser salva. Trata-se de um filme de aventura que não planeja ser mais do que isso, tem boas cenas de ação, aquela piadinhas inevitáveis, batalhas para tomar o castelo e por aí vai. Você vai ter a impressão que já viu muito disso antes (e já viu mesmo) e isso que prejudica o filme. Não existe um bom diretor que consiga dar jeito num roteiro que é previsível do início ao fim. O elenco cumpre seu papel sem grandes destaques (e Nicholas Hoult com seu jeito de jovem inglês de sorriso tímido está visivelmente desconfortável). Ao final do filme quase nada deve ficar na memória. O filme custou quase 200 milhões de dólares e arrecadou apenas 65 milhões - lembra da ideia de desperdício?). Está na hora de rever suas ambições amigo Singer.
Jack - O Caçador de Gigantes (Jach - The Giant Slayer/EUA-) de Brian Singer com Nicholas Hoult, Ewan McGregor, Stanley Tucci, Eddie Marsan, Ewen Brenner e Ian Mcshane. ☻☻
Jack - O Caçador de Gigantes (Jach - The Giant Slayer/EUA-) de Brian Singer com Nicholas Hoult, Ewan McGregor, Stanley Tucci, Eddie Marsan, Ewen Brenner e Ian Mcshane. ☻☻
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