Sundance e Butch: pistoleiros num mundo em mutação.
Não sei se já mencionei isso antes no blog, mas o faroeste é o gênero cinematográfico que menos gosto. Todas aquelas perseguições a cavalo e tiroteios me parece um despropósito - eu sei que esses filmes retratam um período histórico importante da história americana e blábláblá (apesar de eu ter lido uma matéria na SuperInteressante que dizia que a vida naquela época era bem mais tranquila do que os filmes aparentam) - sendo assim, existem vários filmes do gênero que adio constantemente para assistir e salvam-se aqueles que agregam elementos diferentes à gasta receita. Talvez seja pela carga de humor que o diretor George Roy Hill imprime à história dos lendários pistoleiros Butch Cassidy e Sundance Kid que o filme tenha me agradado tanto. Obviamente que contar com dois ícones de Hollywood também ajuda muito, afinal Butch é vivido por Paul Newman e Kid é encarnado por Robert Redford. O filme é um clássico incontestável e a montagem ágil feita por (John C. Howard e Richard C. Meyer) surpreende quando descobrimos que foi realizada em 1969! Ambientado na segunda metade do século XIX, o filme conta a história de Cassidy e Kid, dois assaltantes que agem junto com um bando, mas são considerados os mais simpáticos das redondezas. Os dois vivem assaltando trens e bancos com o jeito gaiato que lhes deram fama, mas as coisas complicam quando começam a ser perseguidos por uma diligência implacável (sendo até cômico as inúmeras vezes em que se perguntam "quem são esses caras"), tanta perseguição acaba fazendo com que Butch resgate um ideal antigo: morar na Bolívia - o que rendem outras situações bastante divertidas no filme. É verdade que se trata de uma trama onde os bandidos se tornam mocinhos pela narrativa tendenciosa, mas é uma delícia de assistir. É verdade que o diretor erra a mão naquela longa sequência da bicicleta ao som da canção tema (Raindrops keeps fallin' on my head, que ganhou o Oscar) e na interminável sequência de fotos que aparece lá pela metade da sessão, mas o filme tem vários bons momentos - especialmente pela relação de um falador Paul Newman com um lacônico Redford). O mais curioso é que, nas entrelinhas do filme, observamos um período em que o mundo está passando por transformações importantes e que os personagens parecem não se adequar, especialmente no que diz respeito à proteção do capital (a cena que abre o filme com Cassidy num banco ilustra isso magistralmente). O diretor dá um tom ainda mais moderninho ao filme quando sugere um triângulo amoroso entre a dupla e a esposa de Kid, Etta (vivida por Katharine Ross), sem conflitos ou ciúmes. Sei que eu poderia escrever mais sobre o filme, mas acho que se eu revelar muita coisa, posso tirar o elemento surpresa que é perceber que um clássico é um filme atemporal, capaz de ganhar fãs em qualquer período. Vale lembrar que o filme concorreu a sete Oscars, filme, diretor, som e levando os de canção, roteiro original, trilha sonora, fotografia (que se tornou uma referência para o gênero). Além de ser presença constante nas listas de filmes mais importantes de todos os tempos, o longa ainda fez história por inspirar o nome do consagrado festival de Sundande (criado por Robert Redford). O filme entrou no meu grupo seleto de favoritos do gênero.
Butch Cassidy (Butch Cassidy & Sundance Kid/EUA-1969) de George Roy Hill com Paul Newman, Robert Redford, Katharine Ross e Strother Martin. ☻☻☻☻
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