Os alunos e o Professor: em busca do ouro.
Eu não gostaria de estar na pele dos roteiristas de La Casa de Papel. A série espanhola ganhou repercussão mundial no ano passado e a fama no Brasil foi gigantesca com sua chegada na Netflix. É verdade que o serviço de streaming deu uma repaginada no material original, alterando a edição, burlando a duração a dividindo em duas partes (o que só aumentou o suspense). A saga do professor (Álvaro Morte) e seus discípulos poderia ser criticada por ser inverossímil, mas enquanto exercício narrativo para prender a atenção com viradas mirabolantes a série era um primor. Prova disso é o fato de se tornar uma série não americana que se tornou um grande sucesso por aqui. Terminando redondinha ficava a pergunta de o que seria feito para uma alardeada temporada seguinte - ainda mais com o desfecho reservado a um dos seus personagens mais icônicos. O resultado é uma Parte 3 que briga o tempo inteiro para não repetir o que vimos anteriormente, mas sem perder o apelo que os anti-heróis possuem perante o público. Em termos de fio condutor da história, não existe muita diferença entre trocar milhões de notas por barras de ouro - e também existe um plano mirabolante por trás da empreitada que não vale revelar aqui. O bom é que a série dá um passo adiante no desenvolvimento dos personagens. O esquentadinho Denver (Enrique Arce) agora tem um filho com sua comparsa, Estocolmo (Esther Acebo) - e a escolha do nome não é por acaso, o relacionamento de Professor com Raquel (Itiziar Utoño) começa a enfrentar problemas, mas é o laço entre Nairóbi (Alba Flores) e Helsinque (Darko Peric) que merece o título de mais comovente. Falando nisso, Nairóbi é de longe a personagem feminina mais interessante da história - e ela irá partir seu coração nesta temporada. Rio (Miguel Errán) come o pão que o diabo amassou por conta de Tóquio (Úrsula Corbero) que será a personagem mais odiada de toda série... ou seria se não houvesse uma nova negociadora grávida que é um dos aspectos mais curiosos da temporada - (por pouco o posto quase ficou com o argentino Rodrigo de La Serna, ator que vive Palermo, amigo íntimo de Berlim (Rodrigo Alonso) que tem perde o destaque no decorrer dos episódios. De modo geral a trama segue o mesmo esquema da anterior (inclusive a quebra narrativa quando a ação chega ao auge e deixa o fôlego suspenso para a quarta parte), porém se beneficia ao embaralhar os relacionamentos dos personagens (mas desperdiça a maioria dos novos personagens). É verdade que a edição continua envolvente, a trilha sonora se tornou mais lapidada e ainda tem ideias muito bem sacadas (aproveitar o culto em torno dos personagens por exemplo) e colocar Arturo (Enrique Arce) como palestrante motivacional (brilhante, (sobretudo em sua utilização no primeiro episódio). No fim das contas, a terceira parte de La Casa de Papel não se distancia muito do que vimos antes, mas continua sabendo o que fazer de maneira envolvente.
La Casa de Papel - 3ª Parte (Espanha/2019) de Alex Pina com Úrsula Corbero, Itiziar Utoño, Álvaro Morte, Pedro Alonso, Alba Flores, Miguel Errán, Jaime Lorente, Rodrigo de La Serna, Najwa Nimri, Enrique Arce, Darko Peric e Esther Acebo. ☻☻☻☻
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