Gregg, Bill, Ford e Carr: finalmente a segunda temporada!
Se alguém me perguntar qual é a minha série favorita da Netflix hoje eu digo que é Mindhunter. Produzida por David Fincher e Charlize Theron, quando terminei a primeira temporada (2017) eu recebi a notícia de que os novos episódios estreariam somente em 2019... foi um balde de água fria. Eu imaginei que a culpa seria de Fincher (que dirige os primeiros episódios desta nova temporada) que é famoso por estender as filmagens além do cronograma pelo seu perfeccionismo. A angústia foi tanta que ao terminar o último episódio fui à uma livraria comprar o livro de John E. Douglas e Mark Olshaker que serve de base para o programa. Lançada a segunda temporada, eu a terminei mais rápido do que deveria e agora me resta desejar que minhas preces sejam atendidas e a terceira chegue no ano que vem! Sei que muita gente reclamou que a temporada anterior era lenta e repleta de momentos de anticlímax que poderiam comprometer a experiência de quem está acostumado com programas policiais que exploram a psiquê de assassinos, porém, nenhum faz o horror brotar dos diálogos como Mindhunter faz. Aqui o estudo das mentes dos assassinos mais perigosos dos Estados Unidos continua sendo o foco, mas o prestígio conquistado pelos agentes Holden Ford (Jonathan Groff), Bill Tench (Holt McCallany) e a psicóloga Wendy Carr (Anna Torv) faz com que não precisem mais ficar repetindo a importância do trabalho que realizam. As portas do FBI parecem abertas para o trio e quem lhes acompanhar nesta empreitada - o claudicante Gregg Smith (Joe Tuttle) e o recém chegado Jim Barney (Albert Jones), no entanto a vida pessoal do trio protagonista começa a enfrentar problemas. Quem lembra da primeira temporada sabe da crise de pânico que Ford sofreu ao ser abraçado por Edmund Kemper (o ótimo Cameron Britton que aqui faz uma pequena participação especial). Dali em diante, o moço está à beira do abismo, cada vez mais mergulhado no conhecimento sobre os serial killers que estuda, assim, Ford é um bom moço que se torna cada vez mais distante - e aqui não existe nem sinal de sua namorada. Porém, Ford deixa o centro da narrativa e cede espaço para que a série explore mais os fantasmas de Bill, assombrado por um acontecimento inusitado envolvendo seu filho de sete anos. Esta parte da temporada faz o espectador sentir arrepios - mais até do que o encontro com Charles Manson ou Filho de Sam (cujos intérpretes repetem as assustadoras semelhanças físicas com os verdadeiros criminosos - algo que já se tornou marca da série) e faz a plateia imaginar se é capaz de identificar a origem do mal e se ela ainda pode ser extinta na mente de uma pessoa. Talvez este movimento que cause mais estranhamento da série, o horror é sempre psicológico, interno, um assombro que cria a atmosfera densa a cada episódio. A abordagem do assassino dos meninos negros de Atlanta também ajuda a perceber como Mindhunter é um programa incomum. A história aparece como pano de fundo em alguns episódios até receber destaque mais à frente, sempre enveredando pelo clima noir e as dúvidas que os agentes enfrentam em seu trabalho. Ao final não existe redenção ou catarse deixa, mas aquele sabor incerto de que encontrar um culpado não é o suficiente. Feito para gente grande, Mindhunter bem que merecia maior reconhecimento das premiações que a esnobaram quase completamente quando foi lançada. Usando o suspense para produzir dramas devastadores, a série consegue ser bastante original e envolvente.
Mindhunter - 2ª Temporada (EUA - 2019) de Joe Penhall com Jonathan Groof, Holt McCallany, Anna Torv, Joe Tuttle, Albert Jones, Stacey Roca, Zachary Scott Ross e Cameron Britton. ☻☻☻☻
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