Jamie: reencontrando o algoz.
Lançado em 1978 com a assinatura de John Carpenter, Halloween - A Noite do Terror se tornou um clássico do gênero e inspirou dezenas de filmes onde um assassino trucida o elenco com mortes elaboradas. Fazia parte do horror do filme o fato dele dar continuidade a uma história que ninguém assistiu, afinal, o assassino Michael Myers escapava de um sanatório quinze anos depois de ter matado a irmã - e esta ideia prévia só aumentava o horror. Se o filme provocava arrepios, suas inúmeras continuações caíram na repetição caça-níqueis. Em 1998 a coisa recebeu um caráter especial com Halloween H20 que contava a história do alvo favorito do assassino vinte anos depois do massacre original. A perseguida Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) estava com a vida até confortável, tentando educar o filho (na época vivido por Josh Hartnett), com uma vida amorosa ativa e aparentemente bem resolvida até que seu algoz aparece para destruir tudo. H20 está longe de ser um clássico, mas cumpria sua missão com eficiência. Além de Jamie Lee Curtis, o filme ainda contava com Janet Leigh (mãe de Jamie) em uma participação especial e um elenco jovem interessante que contava ainda com Michelle Williams, Adam Hann-Byrd e Joseph Gordon-Levitt. Pois esqueça tudo sobre H20, o décimo filme da franquia (que chegou aos cinemas no ano passado) faz de conta que o filme nunca existiu e confesso que senti certa decepção com isso. Laurie aparece aqui paranoica, reclusa e plenamente preparada para seu último confronto com Michael Myers. Ela aparece como uma pessoa tão estranha que sua presença é visivelmente desconfortável para a família, especialmente para a filha (Judy Greer). Sim: filha. Pois é, mudaram o sexo do filho da protagonista. De resto, o filme conta como Michael foge do sanatório mais uma vez, desta vez instigado por uma dupla de documentaristas que cutucam o serial-killer com vara curta, ou melhor, com a horrenda máscara que serve de gatilho para sua loucura. Daí em diante ele foge e mata os personagens sem critério algum até reencontrar Laurie - que se recusa a ser vítima desta história. O filme tem alguns momentos de bom suspense e uma ou duas cenas que impressionam (particularmente eu gosto da cena dos loucos caminhando à noite no meio da estrada), mas no geral é bastante enfadonho. Existem referências ao filme original e a ideia de prestar homenagem ao clássico, mas achei uma produção bem insossa e não via a hora de terminar. Considerei muito estranho o filme ser dirigido por David Gordon Green (O que te faz mais forte/2017 e Príncipes da Estrada/2013), que já provou se dar bem em dramas mais intimistas e aqui trabalha definitivamente fora da linguagem que domina.
Halloween (EUA/2018) de David Gordon Green com Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak, Will Patton e Rhian Rees. ☻
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