Eleven (ao centro) com a galera no shopping: montrengo Cronnenberg.
Não sei se estou ficando velho ou se realmente as produções cinematográficas deste ano estão pouco empolgantes. Confesso que não tive vontade de rever nenhuma versão live action recente da Disney e me atrapalhei tanto em compromissos que acabei perdendo Toy Story 4 nos cinemas. Recentemente me dei conta que passei muitas horas vendo séries da Netflix. Também não sei se é por acaso, mas a gigante do streaming (que começa a ver uma crise no horizonte com as concorrentes que se anunciam) lançou alguns de seus títulos mais importantes recentemente. Nesta semana irei comentar cinco produções que estavam entre as minhas mais aguardadas. Começarei pela terceira temporada de Stranger Things que quase recebeu uma postagem no mês passado, mas fiquei bastante hesitante em dar meu parecer sobre as aventuras de Eleven e seus amigos. É verdade que a série é cultuada ao redor do mundo (e eu até comprei uma camisa da série para desfilar por aí), mas a primeira temporada continua sendo a minha favorita. A terceira demorou bastante para entrar em cartaz e desta vez decidiu explorar o crescimento dos personagens. O clima de anos 1980 continua conferindo charme inconfundível à série dos irmãos Duffer, as cores vibrantes, a trilha sonora, está tudo onde deveria estar (menos a canção de História Sem Fim/1984 que... deixa pra lá). O elenco também continua bastante correto - e até Winona Ryder ajustou o tom exagerado da temporada anterior, mas ganhou a tarefa ingrata de lidar com a ênfase no tom de comédia romântica dela com o xerife Hopper (David Harbour). É verdade que os dois atores tem carisma e química para dar conta do recado, mas não sei se a fagulha da primeira temporada resistiu à passagem do tempo. Por outro lado, resolveram que todo o elenco juvenil (antes infantil) recebesse a obrigatoriedade de arranjar um relacionamento amoroso, o que deixa um sabor repetitivo em algumas subtramas. Millie Bobby Brown continua dando conta de sua Eleven, aqui recebendo cores de aluna desgarrada dos X-Men ao lidar com um inimigo que é resquício de tudo que a ex-pacata cidade enfrentou nas temporadas anteriores. A originalidade aqui está por conta da concepção de um monstrengo composto de carne em decomposição que lembra um bocado as criações de David Cronenberg nos primórdios da carreira. O resultado é tão assustador quanto nojento e ainda flerta com clássicos como Invasores de Corpos (os russos não são coincidência, assim como a ideia do shopping como point para as futuras gerações). Embora tenha um bom suspense conduzindo os episódios, considero que a trama demora para engrenar, deixando o melhor para os últimos episódios. A grande surpresa da temporada é a participação de Maya Hawke, atriz que prova ter herdado o talento dos pais (Uma Thurman e Ethan Hawke), mas, de resto, Stranger Things começa a demonstrar sinais de que o ponto final precisa estar mais próximo para não virar uma paródia de si mesma.
Stranger Things - 3ª Temporada (EUA/2019) de The Duffer Brothers com Winona Ryder, David Harbour, Finn Wolfhard, Millie Bobby Brown, Caleb McLaughlin, Natalia Dyer, Gaten Matarazzo, Charlie Heaton, Cara Buono, Joe Keery e Maya Hawke. ☻☻☻
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