The Umbrella Academy: sobrevivendo aos anos sessenta.
Acho que o maior medo dos fãs da primeira temporada de The Umbrella Academy era que a síndrome da segunda temporada afetasse a produção. Basta dar uma olhada na maioria das séries sobre super-heróis para ver como os roteiristas tendem a sobrecarregar a trama com dramas e esquece de fazer uma produção envolvente (afinal, se eu quisesse ver dramalhões eu não buscaria em seriados calcado em super-heróis). Neste ponto, os personagens de The Umbrella Academy seriam um prato cheio, com seus personagens órfãos dotados de super-poderes, uma delas com risco de se tornar vilã por sentir-se rejeitada pela família adotiva, com um outro falando com mortos, outro irmão que virou fantasma, um que teve seu corpo transformado por experiências com gorilas e por aí vai... a sorte é que a segunda aventura dos personagens criados pelo Chemical Romance Gerard Way e o brasileiro Gabriel Bá evitou as armadilhas de repetir-se e/ou naufragar no excesso. Quando a primeira temporada terminou, os irmãos fugiam do fim do mundo graças aos poderes de viajar no tempo de Número Cinco (o excelente Aidan Gallagher), mas ao viajarem no tempo se perdem um do outro, indo parar em Dallas em anos diferentes. Perdidos nos anos 1960, suas vidas seguem por caminhos diferentes. Alison (Emmy Raver-Lampman) se envole com ativistas dos direitos civis e o doidão Klaus (Robert Sheehan), ainda acompanhado pelo fantasma de Ben (Justin H. Min), se torna um cultuado guru - dois temas bastante recorrentes sobre aquela década. Enquanto Luther (Tom Hopper) passa a ganhar a vida em lutas clandestinas, Diego (David Castañeda) vai parar num hospício e Vanya (Ellen Page) está com amnésia e segue a vida tranquila sendo babá em uma fazenda (até que vive mais uma vez um romance proibido). No entanto, Número Cinco (como este menino é bom!) é jogado em 1963 e se depara mais uma vez com o fim do mundo. Ele percebe então que precisa juntar seus irmãos mais uma vez e voltar para o presente para que as coisas finalmente se ajustem. Se você lembra do clima de guerra fria que pairava sobre a sociedade americana e o assassinato de uma pessoa famosa naquele ano, você irá apreciar bastante como os roteiristas aproveitaram ao máximo a inserção dos heróis naquele período. É verdade que nos primeiros episódios a trama se desenha devagar enquanto os personagens são perseguidos mais uma vez por assassinos viajantes no tempo - além de lidarem com a namorada misteriosa de Diego, Lila (Ritu Arya). Porém, da metade em diante, a série junta suas tramas e se torna bastante empolgante, explorando um pouco mais a organização que viaja no tempo e o passado bizarro do pai dos heróis (além de Pogo e Mamãe). Embora toque em temas mais sérios desta vez, The Umbrella Academy mantem o seu tom bem-humorado, o bom trabalho do elenco, o roteiro esperto, o visual estilizado, obtendo um resultado menos violento que o anterior - e confesso que senti saudades dos malvados Hazel (Cameron Britton que aparece só um pouquinho) e Cha Cha (Mary J. Blige). Chega a ser uma ousadia em tempos de fechamento de Dark a Netflix investir em mais uma série que bebe na mesma fonte nesta temporada, mas diante dos caminhos seguidos, The Umbrella Academy termina com gosto de quero mais e novas possibilidades para mais uma temporada a se aguardar ansiosamente.
The Umbrella Academy - 2ª Temporada (EUA-2020) de Steve Blackman e Jeremy Slater com Ellen Page, Aidan Gallagher, Tom Hopper, Emmy Raver-Lampman, Robert Sheehan, Justin H. Min, David Castañeda, Kate Walsh, Ritu Arya, Colm Feore e Jordan Claire Robins. ☻☻☻☻
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