Jessie: Nasceu uma Estrela em Glasgow.
Antes de qualquer coisa vou pedir para você guardar um nome: Jessie Buckley. Revelada em um show de talentos britânico, Jessie já demonstrou que se defende bem como atriz (basta lembrar de sua precisa atuação como a esposa grávida de um bombeiro na série Chernobyl/2019) e aqui tem a chance de provar que é uma das jovens atrizes mais interessantes dos últimos anos. Seu trabalho na pele da Rose do título lhe valeu uma indicação ao BAFTA de melhor atriz e cravou seu lugar entre as pré-candidatas ao Oscar. Em Glasgow, na Escócia, ela vive Rose, garota que sonha em se tornar uma estrela da música country, mas sua trajetória complicada não ajuda muito. Ela ficou presa durante um ano por porte de drogas, deixando os dois filhos pequenos aos cuidados da mãe. Quando sai da prisão, ela tenta alcançar seu sonho de se tornar uma estrela da música, mas precisa colocar os pés no chão e fazer as pazes com seu passado. Entre o distanciamento dos filhos e os conflitos com a mãe (Julie Walters em seu melhor papel em muito tempo), Rose vai trabalhar na casa de uma família que percebe aos poucos que ela tem um talento especial e vê na patroa, Suzannah (Sophie Okonedo, sempre ótima, pena que filma pouco) seu maior incentivo - ela se torna uma espécie de fada madrinha para a moça. No entanto, este aqui não é Nasce uma Estrela/2018, não existe um grande astro que cruzará seu caminho e a levará ao estrelato rapidamente, a trajetória de Rose é bem mais realista, vários obstáculos aparecerão em seu caminho e a farão repensar o que significa ter sucesso. Existe aqui uma dinâmica interessantíssima entre mãe e filha que retrata bem o conflito entre o sonho e a realidade, inclusive na importância de manter sonhos vivos como incentivo para prosseguir na rotina do cotidiano. O pouco conhecido diretor Tom Harper dirige o filme com sensibilidade e ampara com bastante eficiência as camadas de sua protagonista, que é meio tresloucada, ao mesmo tempo que é insegura, ambiciosa e tímida - e o trabalho de Jessie Buckley nestas oscilações é bastante preciso. Vale dizer que a atriz tem uma bela voz e dá conta de cantar canções famosas e belas inéditas, tornando fácil torcer por sua redenção sobre um palco. Há quem compare a história com O Destino Mudou sua Vida (1981) que deu o Oscar para Sissy Spassek, mas nada que atrapalhe Wild Rose (nome original da tradução boboca As Loucuras de Rose) de se tornar uma pérola de brilho próprio.
As Loucuras de Rose (Wild Rose / Reino Unido - EUA - Canadá / 2019) de Tom Harper com Jessie Buckley, Julie Walters, Sophie Okonedo, James Harkness, Adam Mitchell e Daisy Littlefield. ☻☻☻☻
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