Alison, Linus e Helena: triângulo amoroso e golpe do baú.
Famosa por seus papéis de mulheres excêntricas, a inglesa Helena Bonham Carter geralmente cai nas graças do tio Oscar quando faz filmes de época mais comportados. O gênero era bastante comum no início da carreira da atriz no cinema e, de vez em quando, ela retorna à ele com o talento de sempre (basta lembrar sua participação como a princesa Margareth na série The Crown ou sua performance como a Rainha Mãe em O Discurso do Rei/2010 , trabalho que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de coadjuvante e o prêmio BAFTA na mesma categoria. Vale lembrar que sua primeira indicação ao Oscar veio por sua atuação neste Asas do Amor, adaptação do romance de Henry James que a colocou no Oscar de melhor atriz ao lado de Kate Winslet (Titanic) e da ganhadora Helen Hunt (Melhor é Impossível). A trama gira em torno de Kate (Helena), jovem criada pela tia pedante (Charlotte Rampling caprichando nos olhares arrepiantes). Kate é apaixonada pelo jornalista pobretão Merton (Linus Roache) e nem precisa dizer que o relacionamento entre os dois não é bem visto, mas as chances de ficarem juntos aumentam quando Kate conhece a jovem Millie (Alison Elliot), que segundo o comentário de um amigo bem próximo, seria a princesa dos Estados Unidos se eles vivessem numa monarquia. As duas começam a se aproximar e Kate não demora a descobrir que a nova amiga sofre de uma doença incurável, além de demonstrar grande interesse pelo charme britânico de Merton. Eis então que surge o plano de fazer o amante seduzir a jovem, casar-se com ela e quando ele estiver rico, os dois possam ficar juntos. É um plano aparentemente simples, mas que mexe com os princípios que Kate e Merton julgavam não ter muita importância. A instalação do triângulo amoroso logo mistura compaixão, escrúpulos, culpa, ciúme, cobiça e estes obstáculos emocionais começam a criar problemas na relação dos pombinhos calculistas. O diretor Iain Softley não demonstra muita personalidade na condução do filme, realiza apenas um trabalho convencional, no entanto, sabe como valorizar a fotografia caprichada (indicada ao Oscar), os figurinos de encher os olhos (também indicado ao Oscar), as locações caprichadas (boa parte da história se passa em Veneza) e os olhos expressivos de sua protagonista. Helena está ótima nos dilemas que a personagem cria para si e está muitíssimo bem acompanhada de Alison Elliott (ótima atriz que nunca ganhou o devido reconhecimento) que compõe uma Millie pela qual é fácil se apaixonar. Compondo mulheres de personalidades e opostas, as duas atrizes só não encontram amparo no trabalho robótico de Linus Roache que não consegue explorar as camadas da personalidade de Merton de forma convincente. Com pinta de galã e meio travadão é até fácil entender o apelo que ele tem para as personagens, mas lá pelo final você pensa o que o rapaz tem de tão especial. Tivesse um ator mais interessante na liga deste triângulo amoroso, Asas do Amor poderia ser um filme ainda mais vigoroso, do jeito que está a produção de torna apenas correta.
Asas do Amor (Wings of the Dove / Reino Unido - EUA 1997) de Iain Softley com Helena Bonhan Carter, Linus Roache, Alison Elliott, Charlotte Rampling, Michael Gambon, Elizabeth McGovern e Alex Jennings. ☻☻☻
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