domingo, 21 de fevereiro de 2021

PL►Y: A Vida em Si

 
Olivia e Oscar: tudo bem até as tragédias começarem.

Antes de ficar conhecido como o criador da série This Is Us, Dan Fogelman fez carreira no cinema como roteirista de sucessos como Carros (2006) e Amor à Toda Prova (2011). Em 2015 ele dirigiu seu primeiro filme, Não Olhe Para Trás estrelado por Al Pacino e que não chamou a atenção desejada. Em 2018, no auge do sucesso do seu seriado, ele se aventurou novamente como diretor e lançou este A Vida em Si, mas e a sensação deixada é que Fogelman tem uma dificuldade gigantesca de dosar o drama em suas obras. Se na televisão este artifício pode até funcionar ao estender a vida de seus personagens por vários episódios, num filme de duas horas de duração a coisa complica. Também não ajuda o fato do filme começar de forma bastante confusa com uma narração de Samuel L. Jackson sendo engraçadinho até que uma tragédia acontece e você descobre que é tudo um roteiro do personagem de Oscar Isaac. Se a ideia era ser descolado ou engraçadinho, a coisa mais desanda a apresentação dos personagens do que prende a atenção do espectador. A sorte é que depois o filme encontra um ritmo agradável ao contar a história do casal Will (Oscar Isaac) e Abby (Olivia Wilde), que flui de forma bastante agradável e convincente, se tornando a melhor parte do filme até que percebemos que aquele início esquisito na verdade revelava o truque narrativo que a o roteiro perpetuará até o seu desfecho: as coincidências. Nada contra este tipo de recurso, ele pode até ser convincente de acordo com a habilidade do diretor lidar com isso, mas Fogelman se atrapalha um bocado, especialmente pela sobrecarga de histórias tristes em torno de seus personagens. Alguém avisa para ele que os personagens não precisam sofrer tanto para nos comover. Depois de acompanharmos o casal por um bom tempo, temos a história de Dylan (Olivia Cooke) e seu avô (Mandy Patinkin), além de uma família espanhola que aparentemente não teria nenhuma relação com os outros personagens. Com tudo girando em torno de um acidente do destino, o acaso recebe destaque em uma trama que ainda tem uma discussão acadêmica que relaciona narradores não confiáveis e a vida em si. Parece confuso? Nem tanto, é apenas coisa demais para quase duas horas de projeção. O roteiro parece uma colagem de problemáticas (e dado o grande número de personagens nem todos os problemas tem a chance de serem desenvolvidos de forma eficiente, são reduzidos quase a detalhes da história). Parece um novelão condensado na duração de um filme e que poderia alcançar um resultado melhor se fosse mais organizado e enxuto em seu rosário de tragédias. Acho que em uma série a ideia até funcionaria bem, mas num filme... você precisa pensar diferente Dan Fogelman. 

A Vida em Si (Life Itself/ EUA - 2018) de Dan Fogelman com Oscar Isaac, Olivia Wilde, Antonio Banderas, Olivia Cooke, Annette Bening, Mandy Patinkin, Sergio Peris-Mencheta, Jean Smart, Laia Costa e Àlex Monner. 

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