domingo, 7 de novembro de 2021

Na Tela: Eternos

Eternos: bem-vinda diversidade. 

Eu confesso que fui ver Eternos da Marvel com expectativa lá embaixo. Eu li tantas críticas negativas sobre o filme que já estava imaginando que seria um verdadeiro desastre. Sorte que eu ainda sou devoto de São Thomé e só acredito vendo com meus próprios olhos e... para minha surpresa eu gostei! Mas antes é preciso fazer um outro esclarecimento: eu não fazia a mínima ideia de onde a Marvel tirou a ideia de colocar a Chloé Zhao para dirigir o filme, já que em sua filmografia ela não demonstrava qualquer indício de que renderia fazendo uma produção de super-herói. Para piorar (ou seria melhorar?) a Chloé se tornou a segunda mulher a levar um Oscar de direção por seu trabalho em Nomadland/2020 na última edição do Oscar, o que a tornou de ilustre desconhecida à cineasta da vez perante o público. No entanto, imaginar que o filme seria igual aos seus três longas anteriores era um verdadeiro delírio (já que o ritmo e estilo impresso por ela nunca rendeu um sucesso de bilheteria). Zhao foi convidada para dirigir o longa depois da aclamação de Domando o Destino/2017 (que considero o seu melhor trabalho), especialmente por seu gosto por narrativas mais intimistas, capacidade de introduzir atores no meio de pessoas comuns e a forma como filma em planos abertos em paisagens naturais. Estes três elementos são os que se fazem mais presentes nesta história que atravessa mais de sete mil anos. É preciso dizer ainda que a saga dos Eternos é bastante complicada, já que os heróis criados por Jack Kirby se tornou uma espécie de antigo testamento da Marvel, que explica como aquele universo de heróis foi construído por seres gigantescos, Os Celestiais, espécie de robôs para o qual Os Eternos trabalham em missões por vários planetas no universo. Apresentados como heróis do Planeta Olympia, os dez personagens são enviados à Terra para proteger a humanidade dos monstros chamados Deviantes. Estando completamente proibidos de intervir em outras situações (e o filme mostra em vários flashbacks como tiveram que lidar com guerras, massacres e aquele estalar de dedos de Thanus). Com uma história de sete mil anos para contar e condensar em duas horas e meia, o filme até que funciona bem. Conforme os Deviantes deixaram de ser uma ameaça, os Eternos passaram a viver entre nós aguardando o retorno para seu planeta, pelo menos até descobrirem que ainda teriam uma outra missão por aqui. Com dez personagens para desenvolver ao longo do roteiro, o protagonismo ficou para Sersi (Gemma Chan), que deixou o seu poder de transformar a matéria um pouco de lado quando resolveu ser professora. Ela tenta levar uma vida comum perto de Duende (Lia McHugh), eterna presa no corpo de uma adolescente e que consegue criar ilusões com suas mãos. Sersi viveu um longo romance (por volta de cinco mil anos) com o fortão Ikaris (Richard Madden), mas agora ela está mais tranquila com o namorado mortal Dane Whitman (Kit Harrigton), mas alguns conflitos permanecem. No entanto, quando um Deviante resolve aparecer, o trio terá que reunir a família novamente. Então descobrimos o que aconteceu com a guerreira Thena (Angelina Jolie), o grandão Gilgamesh (Don Lee), a velocista Makkari (Lauren Riddloff), o artista de Bollywood - Kingo (Kumail Nanjiani), o inventor  Phastos (Bryan Tyree Henry), o controlador de mentes Druig (Barry Keoghan) e a matriarca Ajak (Salma Hayek). Com um time destes, a Marvel constrói seu time mais diverso na telona com variadas etnias, biotipos, idades, sexualidades e uma personagem surda e, por incrível que pareça, a ideia soa bastante convincente dentro do roteiro. Muita gente reclama que o filme é lento como se fosse um defeito, mas o filme tem o ritmo certo para lidar com o volume de informações que possui e precisa ser visto como a fórmula Marvel dentro de um formato épico no sentido histórico. Tem cenas de ação, efeitos especiais, conflitos e a introdução de uma trama que deve prosseguir nos próximos filmes do estúdio. No entanto, quem espera um filme igual aos outros da Chloé Zhao irá se decepcionar e quem espera Os Novos Vingadores, também. Parece que o primeiro passo da nova fase da Marvel foi finalmente dado e resta aguardar o que vem por aí. 

Eternos (Eternals / EUA - 2021) de Chloé Zhao com Gemma Chan, Richard Madden, Salma Hayek, Angelina Jolie, Kumail Nanjiani, Bryan Tyree Henry, Barry Keogham, Lia McHugh, Lauren Riddloff, Don Lee, Kit Harrington e Harry Stiles. ☻☻

Nenhum comentário:

Postar um comentário