Karen e Chloe: meninas contra meninos.
Em cartaz no Prime Video, Coquetel Explosivo chama atenção pela sanguinolência e as cenas de ação um tanto surreais, o que acaba deixando toda a metáfora sobre mulheres-lutando-contra-a-opressão-do-patriarcado em segundo plano. O filme acompanha a assassina profissional Sam (Karen Gillan, a Nebula de Guardiões da Galáxia/2014) que logo no início consegue escapar de uma enrascada inacreditável. O verdadeiro massacre (que nem é mostrado) poderia torná-la uma lenda no mundo do crime, mas, no meio de todos os oponentes liquidados por ela, havia o filho de um homem poderoso do submundo (o sempre bom Ralph Ineson), que agora quer se vingar de Sam. No meio de toda esta confusão, Sam acaba contraindo o efeito colateral de outro serviço, no caso, fica responsável por impedir que algo de ruim aconteça à pequena Emily (Chloe Coleman), filha de uma de suas vítimas. Como todo o universo criminal voltado contra ela - e categorizado como A Firma administrada por Nathan (Paul Giamatti) -, a forma como o filme do israelense Navot Papushado conta sua história em um universo paralelo ao mundo real, lembra muito o que é feito na franquia John Wick, afinal, os personagens transitam em uma lanchonete frequentada por assassinos variados, se consultam em um hospital próprio para a clientela e até frequentam uma biblioteca organizada por um trio arrasador (Angela Basset, Michelle Yeoh e Carla Gugino) que se torna o grande achado do filme, no entanto, o filme segue por uma linha diferente (mais cômica e exagerada), com direito até a um massacre orquestrado por uma pessoa com os braços dormentes. Papushado até procura colocar um verniz dramático na história de sua personagem, que desde a adolescência foi treinada para ser uma máquina de matar, além de ter que conviver com a ausência da mãe (Lena Headey), mas acho que ninguém verterá lágrimas pelo teor dramático da história (ainda que toque Somtehing in Your Mind de Karen Dalton, uma das músicas mais tristes da história). O forte do diretor são as cenas de ação, geralmente colocando homens e mulheres em lados opostos, seria inadequado dizer que com um elenco destes, o charmoso trio formado por Basset, Yeoh e Gugino merecia até uma aventura solo? Quando à escocesa Karen Gillan ela não é uma má atriz, mas poderia ser menos robótica na pele da personagem principal, estranho que na pele de sua personagem no universo Marvel ela parece ser mais humana do que aqui. No entanto, Coquetel Explosivo ainda se apresenta como uma produção que possui todos os ingredientes para cair na graça dos fãs do gênero.
Coquetel Explosivo (Gunpowder Milkshake / França - Alemanha - EUA/ 2021) de Navot Papushado com Karen Gillan, Paul Giamatti, Chloe Coleman, Lena Headey, Angela Bassett, Michelle Yeoh, Carla Gugino, Ralph Ineson e Ed Birch. ☻☻☻
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