O ator, compositor, produtor, dramaturgo, cantor e letrista Lin-Manuel Miranda olhou para o seu currículo e considerou que estava na hora de acrescentar mais uma experiência artística em sua carreira. Com Tick Tick...Boom ele estreia como cineasta e, como não poderia deixar de ser, o filme é um musical. Considerado um dos maiores talentos do cenário teatral dos Estados Unidos na atualidade, câmeras. A produção conta a história de Jonathan Larson, criador do premiado musical Rent, mas que teve uma morte precoce antes que seu maior sucesso chegasse aos palcos. Vítima de um aneurisma aos 35 anos, ele passou os últimos anos de sua vida procurando espaço e reconhecimento na Broadway. O filme carrega o título da obra anterior de Larson, Tick Tick... Boom que carregava traços autobiográficos e começou a chamar atenção para o talento do rapaz. Baseado nesta obra, entrevistas com familiares e amigos de Jonathan, o roteiro de Steven Levenson e a direção de Miranda optam por um recorte bastante conciso de um período específico da vida do protagonista, apresentando um senso de urgência (que pode parecer até premonitório) para que o trabalho de Larson fosse reconhecido - o próprio título pode fazer uma alusão a isso em sua contagem regressiva. Vivido por Andrew Garfield com bastante energia, conhecemos a rotina de Larson que trabalhava como garçom no bairro SoHo em Nova York, mas assim como sua namorada (Alexandra Shipp) e amigos (destaque para Michael vivido por Robin de Jesus), buscava um lugar ao sol no mundo do entretenimento. Apresentado como alguém que construía músicas e melodias com bastante facilidade. O filme consegue demonstrar com bastante eficiência como nem sempre talento é algo suficiente para ter os holofotes voltados para si. Além de todo o trabalhoso processo criativo, todo o caminho até que um projeto chegue aos palcos é mostrado com um detalhamento raro, algo que só poderia ser apresentado desta forma por pessoas que já o vivenciaram com propriedade. Além disso, o filme também destaca os conflitos de Larson com o mundo dos anos 1990, onde os musicais ainda passariam por uma modernização e o combate à propagação da AIDS ainda era um desafio para a sociedade. A narrativa é construída com cenas de palco, momentos da vida de Larson e números musicais inseridos de forma bastante orgânica. Em termos de fluência, Tick Tick... Boom é o melhor filme do gênero lançado em muito tempo. Conta pontos para isso a desenvoltura do elenco e o esmero de toda a produção em homenagear o legado do rapaz. Quem não curte musicais achará tudo meio exagerado, mas ainda assim ficará instigado em conhecer mais sobre o protagonista. Lançado pela Netflix de olho nas premiações de fim de ano, Andrew Garfield torna-se um grande destaque na produção e pode aparecer na temporada de ouro no páreo de melhor ator. Lin-Manuel Miranda estreia no cinema em grande estilo.
Tick, tick... Boom (EUA-2021) de Lin-Manuel Miranda com Andrew Garfield, Alexandra Shipp, Robin de Jesus, Vanessa Hudgens, Joshua Henry, Ben Ross e Bradley Whitford. ☻☻☻☻
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