segunda-feira, 14 de novembro de 2022

CICLO VERDE E AMARELO: Meteoros

 
Pavoski: amadurecimento pós-apocalipse. 

Filmes sobre a passagem da adolescência para a vida adulta são bastante comuns e já se tornaram até um gênero cinematográfico ("coming of age") e, na grande maioria das vezes, o desafio de seus realizadores é conjugar o interesse sexual de seus personagens com desventuras um tanto inusitadas. Quando mais imprevisíveis são as desventuras, mais original o filme parece. Se em diversas outras sociedade existiam ritos que marcavam a passagem para a vida adulta, a nossa sociedade carece deste momento, o que confere ainda mais importância para a finalização do Ensino Médio, a ida para a faculdade e o primeiro emprego. O final do Ensino Médio é o período vivenciado pelos amigos Fralda (Matheus Pavoski) e Tito (Vinícius Beu). Os dois se conhecem há muito tempo e estão ansiosos para iniciarem suas vidas sexuais  - o que rende alguns problemas junto às meninas da escola. Em sua parte inicial, o filme não difere muito do que vemos em filmes adolescentes já realizados centenas de vezes, a diferença fica por conta do momento em que os dois bolam um plano de levar algumas garotas para um sítio afastado da cidade no carro que Tito acaba de comprar e... tudo sai errado. Na companhia de algumas drogas, a dupla irá para uma cidade deserta e passará por alguns apuros que podem custar até a vida deles. Meteoros é o filme de estreia de Luis Carone, que possui experiência em séries como Pico da Neblina (HBO) e Cidade Invisível (Netflix), o rapaz sabe contar sua história e aqui o faz num filme adolescente dividido em três atos: no primeiro é a típica comédia adolescente sobre namoro, no segundo é sobre a ideia de insegurança e isolamento de quem se perdeu no mundo e acha não vai encontrar de novo o caminho de casa (uma simbologia interessante perante as angústias dos amigos que mudam de foco conforme colocam a vida em risco), já a terceira é aquela em que precisam assumir responsabilidade e agir por conta própria para sair da enrascada em que se meteram, nesta parte, ainda precisem notar que precisam da ajuda de adultos, colocar a amizade sob nova perspectiva e, principalmente, deixar algumas ilusões de lado. Entre os atos que possui, meteoros subverte tudo o que achamos dele, até que o inevitável acontece com Fralda (Pavoski não convence como um rapaz de dezoito anos, mas a forma como o interpreta em desajeitada presença física até que funciona) que passa a ser chamado pelo seu nome e não mais pelo apelido infantilizante. No entanto, o destaque do elenco vai para a participação de Cyria Coentro que rouba a cena dos dois aventureiros sem fazer muito esforço. Meteoros é um bom filme sobre assumir responsabilidades e crescer além do tamanho e pelos pubianos. 

Meteoros (Brasil-2022) de Luis Carone com Matheus Pavoski, Vinícius Beu, Cyria Coentro e Carol Medeiros. ☻☻

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