Confesso que em determinado momento minha mente doentia misturou tudo e pensou que este filme e Não se preocupe, Querida (2022) eram a mesma produção. Logo que o filme dirigido por Olivia Wilde chegou aos cinemas, percebi que havia outro filme estrelado pelo astro pop Harry Styles a ser lançado também em 2022. Me atrevo a dizer que Harry é meu cantor pop favorito da atualidade e, obviamente, pela legião de fãs que possui ao redor do mundo, sua popularidade também chama atenção dos produtores que querem agregar uma parcela de audiência garantida para seus projetos. O moço apareceu pela primeira vez na telona com o indicado ao Oscar Dunkirk (2017) de Christopher Nolan. Conseguiu provocar gritinhos na sala de cinema com sua rápida aparição em Eternos (2021) da Marvel (num papel que deve repetir em breve) e recentemente teve destaque no já citado Não se Preocupe, Querida - filme que deu mais o que falar por suas fofocas de bastidores do que pelo filme em si. De certa forma o drama Meu Policial era o filme que Harry precisava para colocar sua carreira de ator sob nova perspectiva. O filme já está disponível no Prime Video e seu lugar entre produções mais assistidas do streaming comprova que o rapaz chama atenção do público. Ele interpreta o personagem do título que fica dividido entre o amor por outro homem e o disfarce de casar-se com uma mulher. Esta ideia já foi vista várias vezes no cinema e cabe ao diretor Michael Grandage fazer com que o filme prenda atenção do espectador perante as ideias recicladas que apresenta. A coisa complica quando ele resolve ir e voltar no tempo várias vezes durante a sessão (o que também é presente no livro de Bethan Roberts que deu origem ao filme), assim, mostra o casal Tom (Linus Roache) e Marion (Gina McKee) idosos às voltas com Patrick (Rupert Everett), um homem debilitado que é levado para a casa deles, para desgosto de Tom. O filme então volta no tempo para apresentar o dia que Marion (vivida jovem por Emma Corrin) conhece o belo Tom (Styles) e Patrick (vivido por David Dawson). Enquanto Tom e Marion se encantam um pelo outro, Patrick está sempre por perto até que descobrimos que os dois amigos mantinham uma relação muito mais íntima. Nestas idas e vindas o filme se enrola e pode deixa a sensação que o roteiro tem sua cota de furos (como toda a surpresa da esposa idosa perante todas as evidências que ela já teve a vida inteira do romance entre seu esposo e Patrick), no entanto, o que compromete mesmo é a direção gélida de Michael Grandage emoldurada por uma fotografia cinzenta que é praticamente um clichê manjado de um drama cinematográfico inglês. Pelo menos o elenco está bem. Na fase presente, o destaque vai para Gina McKee que tira leite de pedra com as emoções conflitantes de sua personagem. Já na fase jovem, o destaque é de Styles e Dawson que conseguem injetar alguma vivacidade à narrativa quando estão juntos em cena. O maior acerto do filme, no entanto é explorar as cenas de sexo mais animadinhas entre os dois moços e a formalidade obrigatória das cenas de alcova entre Tom e sua esposa - isso em um tempo em que homossexualidade era considerada crime. Meu Policial brinca com as fantasias dos fãs de Harry Styles, mas perde a chance de sair do lugar comum dos dramas de temática LGBTQIA+, ao menos fez o dever de casa com eficiência.
Meu Policial (My Policeman/Reino Unido - EUA /2022) de Michael Grandage com Harry Styles, Gina McKee, David Dawson, Linus Roache, Emma Corrin e Rupert Everett. ☻☻☻
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