É sempre interessante como um filme gera grande expectativa para a temporada de prêmios e depois observamos que sua força dilui até que seja esquecido no meio das apostas. Por vezes a expectativa é gerada pelo próprio filme que confia demais no que tem para apresentar ao público, outras vezes toda a expectativa fica por conta dos nomes envolvidos na produção. Operação Cerveja está no segundo grupo. O longa foi por um tempo aguardado como um dos favoritos para galgar categorias robustas no Oscar, no entanto, quando li a sinopse achei que seria difícil convencer os votantes da Academia de que um filme sobre um rapaz que resolve levar cerveja para seus amigos na Guerra do Vietnã era algo a ser levado a sério (embora seja baseado em uma história real bastante, digamos, pitoresca), porém, no alto dos créditos está Zac Efron em uma daquelas performances em que ele sempre almeja ser reconhecido não como colírio, mas como ator de verdade. Só que não é nome dele que alimenta todo o buzz premiável em torno do filme, mas o do diretor Peter Farrelly - que junto ao irmão Bobby Farrelly fez uma penca de comédias politicamente incorretas como Debi & Loid (1994), Quem Vai Ficar com Mary (1998), O Amor é Cego (2001) e por aí vai... até redefinir a carreira com um dos filmes mais controversos a levar o Oscar de melhor filme (e roteiro) para casa: Green Book (2018). Peter sempre teve interesse por abordar temas delicados de uma forma debochada em seus filmes, com seu longa oscarizado ele tentou demonstrar maior seriedade e aqui ele tenta fazer o mesmo. Tirando toda a expectativa em torno do filme, Operação Cerveja se mostra um filme bastante despretensioso perante o tema delicado que aborda. O longa é tecnicamente bem realizado em sua adaptação do livro biográfico de John "Chickie" Donohue que narra uma experiência inusitada em sua vida. Chikie tinha alguma experiência na Marinha Mercante, mas vivia acomodado com a família em Nova York em 1967, período da Guerra do Vietnã. Enquanto recebe a notícia de um amigo morto na Guerra, ele presencia protestos contra o confronto e decide levar um incentivo aos seus amigos no campo de batalha: cerveja. A ideia absurda acaba tendo desdobramentos ainda mais surreais quando ele é confundido com um agente da CIA e se mete no meio do fugo cruzado (sempre com aquela expressão de que não fazia a mínima ideia do que era uma guerra de verdade). Misturando drama e comédia, Zac Efron carrega o filme nas costas com desenvoltura (e poderia até concorrer ao Globo de Ouro de ator de comédia se o prêmio existir no ano que vem) e embora o filme tropece ao deixar várias ideias pelo meio do caminho, existem momentos em que a ideia absurda do protagonista casa perfeitamente com o absurdo da guerra em si - e choca pelo contraste entre a comédia e o drama de uma cena para outra. Vale registrar que Russell Crowe tem uma boa participação como um correspondente de guerra calejado e Bill Murray também aparece com a cara de sempre como o dono do bar que Chickie se reúne com os amigos. No fim das contas Operação Cerveja é mais um filme sobre a amizade do que sobre a guerra em si.
Operação Cerveja (The Great Beer Run/EUA-2022) de Peter Farrelly com Zac Efron, Russell Crowe, Kyle Allen, Jake Picking, Archie Renaux, Will Roppe e Bill Murray. ☻☻☻
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