Bryan e J.Law: amizade acidental.
Linsey (Jennifer Lawrence) é uma militar que estava presente no Afeganistão e sofreu um acidente. Por conta disso, ela foi enviada novamente para os Estados Unidos e recebe acompanhamento para que reaprenda a fazer tudo que antes lhe era tão natural. Ela precisa reaprender a andar, se movimentar, se alimentar, dirigir e voltar a ter uma vida com autonomia. Quando retorna para casa, fica claro que sua mãe (Linda Emond) não faz a mínima ideia do período difícil que a filha atravessa e vive sugerindo que ela procure emprego como secretária na empresa de uma conhecida. Linsey prefere trabalhar limpando piscinas, assim, consegue voltar a sentir seu corpo e o domínio dos movimentos que retornam aos poucos após muito treino. Este distanciamento da mãe e de qualquer outro personagem torna a jornada de Linsey bastante solitária em suas angústias, pelo menos até que ela conheça o mecânico James (Bryan Tyree Henry), com quem começa a construir uma amizade que faz com que a situação de um se reflita nas situações da vida do outro. James também tem seu histórico e marcas de acidentes pessoais, talvez por isso, a dor de Linsey lhe pareça mais palpável. O roteiro do filme de estreia de Lila Neugebauer se constrói devagar, contando um detalhe aqui, outro ali sobre sua dupla de protagonistas. Não há grandes sobressaltos ou firulas narrativas, tudo está concentrado no trabalho de seus atores que estão muito bem em cena. Se Jennifer Lawrence está confortável após dar um tempo em sua carreira (e casar e ter um bebê) vale lembrar que sua personagem é aquele tipo que fez os holofotes de voltarem para ela quando foi indicada ao Oscar por Inverno da Alma (2010). Introspectiva e com emoções internalizadas, a atriz demonstra que de vez em quando é bom colocar os roteiros em que mergulha sob uma nova perspectiva. Seu parceiro de cena, Bryan Tyree Henry é menos famoso. Foi visto como um dos personagens mais marcantes de Eternos (2021) e aqui demonstra mais uma vez sua capacidade de trazer grande empatia diante da câmera, não por acaso sua atuação foi indicada ao Independent Spirit Awards que se aproxima. Se existe um problema em Passagem é que ele parece um tanto engessado e frio pelo temor de mergulhar no melodrama perante a história que tem em mãos e isso pode incomodar algumas pessoas, no entanto, ainda é uma produção interessante.
Passagem (Causeway /EUA -2022) de Lila Neugebauer com Jennifer Lawrence, Bryan Tyree Henry, Linda Emond, Frederick Weller, Neal Huff e Russell Harvard. ☻☻☻
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