Meyers e Moore: "Toc, toc... quem está aí?"
Julianne Moore é uma das melhores atrizes de Hollywood. Premiada (só pelos filmes que fez em 2002 tem os prêmios de Melhor Atriz em Veneza por Longe do Paraíso e Berlim por As Horas) e querida pela crítica, a atriz sabe que seu talento dá conta de papéis que nem mereciam uma atriz de tantos recursos. Além disso, tenho a suspeita de que ela possui a frustração de ter perdido o papel da agente Dana Scully do seriado Arquivo X para outra ruiva (Gillian Anderson). Tenho essa suspeita desde que ela aceitou fazer um pastiche de Scully ao lado do Fox Mulder/David Duchovny no intragável Evolução (2001) - filme que lidava com alienígenas num desleixo raramente visto em filmes de estúdio. Anos depois levou o sobrenatural mais a sério com o melhorzinho Os Esquecidos (2004) que fez sucesso de bilheteria, mas não era nada demais. Ano passado, entre a frieza de O Preço da Traição e a consagração de Minhas Mães e Meu Pai, a atriz encontrou tempo para este Personalidade Paranormal (péssima tradução para o título em inglês: Abrigo). Trata-se de um filme de terror desgovernado que flerta mais uma vez com os tipos de personagens estranhos que eram vistos no seriado Arquivo X. Desta vez Julianne é a psiquiatra forense Cara Jessup, no início ela pensa estar lidando com um paciente (Johanatan Rhys Meyers) que sofre de personalidades múltiplas (ou transtorno dissociativo). Mas aos poucos vai perceber que é algo muito mais complicado do que pode explicar sua vã psicanálise! Aos poucos novas personalidades vão dominando o personagem, todas envolvidas com identidades de pessoas mortas - e não demora muito para percebermos que o cara é um verdadeiro ímã de almas penadas! Mais do que isso, o cara é uma espécie de mutante que absorve a alma das pessoas! Sei que é sinistro, mas os diretores Måns Mårlind e Björn Stein devem ter achado que a estranheza de contar com um personagem assim já daria para segurar um filme. Talvez por isso chega uma hora em que tudo fica arrastado, repetitivo e aí o roteiro descamba para personagens coadjuvantes que manjam de bruxaria e tudo mais. A esta altura você até quer saber que fim aquilo tudo vai ter, mas o diretor não se esforça em fugir do trivial (todo mundo sabe que os parentes da psiquiatra estão ali somente para perecer pelo caminho). Julianne é mais uma vez desperdiçada nesse tipo de filme, mas é Johnatan Rhys Meyers que perde a chance de ter uma atuação inesquecível no papel do rapaz que absorve os espíritos dos defuntos e, com isso, tem a chance de explorar diversos personagens. Meyers tem uma atuação correta e nada mais, falta algo na atuação do premiado astro da série The Tudors, assim como em todo o resto do filme de premissa até interessante, mas que se perde em soluções fáceis para suas. Melhor ir numa locadora ou rever um dos episódios de Arquivo X que está sendo apresentado no canal TCM às segundas e sextas sempre na meia-noite.
Identidade Paranormal (Shelter/EUA-2010) de Måns Mårlind e Björn Stein com Julianne Moore, Johnatan Rhys Meyers, Jeffrey DeMunn e Frances Conroy. ☻☻
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