O alçapão: caminho para o inferno?
Joe Dante já acertou uma vez na mistura de filme de terror e filme para adolescentes. O feito faz tempo, foi em 1984 com Greemlins, tentou repetir a dose na continuação, mas algo se perdeu. Embora tenha trabalhado muito desde então (inclusive em produções para a TV), Dante nunca mais teve outro grande sucesso. Ano passado ele lançou O Buraco um filme filmado em 3D (e não convertido como a grande maioria que aparece por aí), mas acho que por ser simplista demais o filme não fez o sucesso esperado nas bilheterias americanas e acabou saindo direto em DVD por aqui. Realmente o filme é bem fraquinho. A premissa já não é das melhores ao começar com uma família formada pela mãe (a perdida Teri Polo, o par de Bem Stiller da trilogia Entrando Numa Fria) de dois filhos. O mais velho e o mais novo padecem daquela síndrome comum entre os manos de filme americano: agressões físicas e verbais mútuas encaradas como brincadeirinha - o que já não tem a mínima graça. Aos poucos sabemos que todos não gostam muito de falar sobre o patriarca da família e... que vivem se mudando. Poderia ser só mais um draminha desses que passa na sessão da tarde todos os dias, mas a casa nova tem uma espécie de alçapão no porão e, que trancado com um monte de cadeados, promete esconder algo muito perigoso. Quando os irmãos xeretas abrem a tal passagem, descobrem que existe um buraco profundo e que parece não ter fim. Esse toque sombrio poderia colocar o filme nos eixos se não seguisse um caminho cada vez mais óbvio com uma menina fantasma, o brinquedo com a cara mais sinistra desde Chucky e passos de alguém andando pela casa. Você pode até levar um sustinho ou outro, mas é difícil se empolgar com o filme, ainda mais que lá pela metade já dá para entender do que se trata o tal buraco e a lição de autoajuda se torna inevitável. Ou seja, o draminha se torna um suspensezinho de sessão da tarde! Não sei bem como se filma um filme em 3D (ouvi dizer que usam câmeras específicas em posicionamentos diferentes para filmar a mesma cena e dar a impressão de destaque e profundidade), mas deve ser uma técnica muito complicada, principalmente para Dante que trata com total desleixo o seu elenco e os diálogos. Está certo que as falas estão longe de ser uma maravilha, mas são ditas com tantas artificialidade que tudo parece ainda pior quando se tem jovens atores tão chatinhos em cena. Chris Massoglia (que faz o irmão mais velho) está quase pedindo socorro para que alguém lhe diga o que deve fazer em cena, seu olhar é fixo e me parece sempre desengonçado querendo posar de jovem rebelde. Haley Bennett, a lourinha de olhos miúdos que vira seu par romântico também não deixa grande impressão - assim como o irmão caçula (Nathan Gamble) que parece saído de algum seriado da Disney. Quem curte terror inofensivo pode até gostar do filme, mas não custava nada elaborar algo mais do que duas ou três cenas de sustos para satisfazer a plateia.
O Buraco (The Hole/EUA-2010) de Joe Dante com Chris Massoglia, Nathan Gamble, Teri Polo, Halley Bennett e Bruce Dern. ☻
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