Pacino: grande momento como o Dr. Morte.
A eutanásia é um dos temas mais polêmicos da atualidade e talvez por isso fica difícil lembrar de Jack Kevorkian, mais conhecido como Doutor Morte, sem lembrar daquela cara de maluco que estampa jornais e revistas sempre que o cara enfrentava o tribunal. Acho que os produtores deste telefilme da HBO sabiam que para o programa ser um sucesso deveriam ter um ator capaz de modificar totalmente a ideia que poderíamos ter do homem por trás daquela foto, claro que ver Al Pacino em cena ajuda a acompanhar qualquer história, mas neste telefilme sua presença é o que mais prende a atenção. Não que o filme seja ruim, pelo contrário, é bem realizado dentro dos padrões HBO de qualidade, consegue ser imparcial e de quebra ainda rende os melhores trabalhos de seu diretor (Barry Levinson, que faz tempo que não entrega um filme bacana na telona), Susan Sarandon (que vive desperdiçada em produções de gosto duvidoso Made in Hollywood) e o próprio Pacino (que vai pelo mesmo caminho de Susan há tempos) nos últimos anos. O filme não chega a ser um panfleto pró-eutanásia, mas planeja dissecar o homem que se tornou conhecido por ser um dos maiores defensores do suicídio assistido (um eufemismo de cunho científico). Apesar de ter rejeitado mais de 90% dos candidatos aos seus métodos (Jack alegava que a maioria não passava de suicidas) Kervokian ajudou um bocado de gente a deixar esse mundo. Jack Kervokian é um patologista de origem armênica, médico aposentado de Detroit, que assistiu a morte lenta e dolorosa de sua mãe, ficando evidente a forma como o episódio afetou sua visão sobre doentes terminais. Tornando-se defensor do suicídio assistido, Kevorkian construiu uma máquina que permitia que o enfermo controlasse a própria morte através de medicação pesada. Assim ajudou mais de 130 pessoas morrerem - fato que fazem muitos o classifiquem como serial killer. Se Pacino é o maior responsável pelo centro da narrativa corretamente fúnebre, seus parceiros de elenco não ficam atrás. John Goodman interpreta seu simpático parceiro de serviços, Brenda Vaccaro dá contornos irresistíveis à irmã de Kevorkian, Susan Sarandon vive uma defensora de sua causa e Danny Houston (com uma curiosa cabeleira) dá vida ao seu advogado - que entrou para a carreira política após garantir a capa da revista Time para Jack após inúmeras vitórias perante a justiça americana. Apesar de algumas doses de humor (especialmente quando o protagonista enfrenta os tribunais) o filme não tem medo de ser desagradável ao exibir os métodos do Doutor Morte ou os vídeos que sua equipe registra durante os seus trabalhos. Diante de uma trama tão perigosa, Pacino dita o equilíbrio do filme, sempre certo do que está fazendo exalando paixão pela causa de seu personagem e um bocado de frieza diante de algo que aflige a humanidade desde o início de sua existência: a morte. Hoje, Kevorkian, tem 83 anos e participou da divulgação do filme após ser libertado em 2007 depois de cumprir oito anos da pena de 25 anos por homicídio.
Você não conhece Jack (You Don't Know Jack/EUA-2010) de Barry Levinson com Al Pacino, John Goodman, Susan Sarandon e Danny Houston. ☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário