Filho e pai: mais um drama familiar resolvido no ringue.
Sucesso surpresa do último verão americano, Gigantes de Aço chegou recentemente às locadoras e muita gente vai querer me apedrejar ao terminar de ler esse comentário, mas achei o filme simpático e só. O filme se passa num futuro próximo onde as lutas com seres humanos saiu de moda na busca de uma violência cada vez mais extrema. Sendo assim, os lutadores de carne e osso foram substituídos por robôs desenvolvidos especialmente para o ringue e que podem ser destruídos impiedosamente. Essa parte me lembra um bocado a famigerada Feira da Carne que vimos em Inteligência Artificial (2001) de Steven Spielberg, mas as semelhanças param por aí. O filme de Sawn Levy não pretende ser muito original, se ocupa em criar um draminha familiar para sustentar as pancadarias entre os robôs e assim satisfaz uma plateia que quer apenas se divertir. Hugh Jackman empresta sua credibilidade junto ao público para viver Charlie, um ex-lutador de boxe que aparece em alguns rodeios para ver seu robô ser atacado por touros (essa deve ser a inspiração para a inusitada trilha country do filme e o sotaque texano do australiano Jackman não decepciona), quando seu ganha pão é destruído ele descobre que sua ex-namorada morreu e que ele tem precisa brigar na justiça para não ficar com o filho gerado nesse relacionamento. Foi isso mesmo que você leu, ele não quer ficar com o filho e não sente vergonha de vendê-lo por 75 mil dólares para poder comprar outro robô lutador. Todas as coisas que você já viu em mais de um milhão de filmes sobre esse reencontro de pai e filho irão se repetir aqui, a diferença é que a ponte da relação entre os dois será um robô encontrado num ferro velho. Depois de umas gracinhas aqui e outras ali, a lata velha vai demonstrar mais resistência do que o esperado e um grande potencial para os ringues. O engraçado é que o filho de Charlie que percebe o potencial do robô para a lutas, enquanto Charlie só pensa em ganhar dinheiro da forma mais fácil: vendendo. Levy faz um filme diretamente voltado para o público infantil, mas com efeitos especiais e pancadaria para encantar os adultos. Devo admitir que o menino Dakota Goyo (que faz o filho de Charlie) é bastante carismático, talvez por isso o diretor tenha sentido pena de dizer para ele que em alguns momentos estava mais exagerando do que interpretando, mas tudo bem, ele é só uma criança. Eu gostei mesmo foi de ver Evangeline Lilly da série Lost como um par romântico em potencial de Jackman, mas ela seu papel é só um enfeite. Dificilmente o filme teria alcançado sucesso sem um astro da envergadura de Hugh Jackman, mas sua atuação aqui me lembra muito os momentos em que padeceu ao lado de Ashley Judd naquela comédia romântica fracota Alguém como Você (2001) em que beirava a canastrice. Entre pancadas e dramas da relação pai e filho tudo caminha para se resolver na luta final (que extrapola o número de closes em personagens sorrindo) com direito até à torcida da tia dondoca vivida por Hope Davis. Gerado para ser um sub-Transformers, esta fábula futurista consegue ter sua identidade própria, ainda que seja formada por pedaços de outros filmes.
Gigantes de Aço (Real Steel/EUA-2011) de Shawn Levy com Hugh Jackman, Dakota Goyo, Evangeline Lilly e Hope Davis. ☻☻
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