segunda-feira, 5 de março de 2012

DVD: Quero Matar meu Chefe


O ogro Farell e Sudeikis: perdendo piadas pelo meio do caminho.

O cinema americano investe cada vez mais em comédias repletas de baixaria. Eu não veria problema nisso que premissas interessantes não ficassem cada vez mais cansativas ao investir cada vez mais pesado no baixo nível. Não se trata de parecer moralista ou mal humorado, o fato é que a maioria das comédias estão cada vez mais parecidas e esticando sua piada ao infinito até descambar num final morno. Esse é o caso de Quero Matar meu Chefe, o filme fez sucesso e diante de seu começo é fácil entender o motivo. Afinal, meio mundo deve se identificar com os três amigos que possuem problemas sérios com seus patrões. No início Nick Hendricks (Jason Bateman) percebe que seu patrão (Kevin Spacey) é mais do que sádico, é meio psicótico mesmo! Se levarmos em conta que seu passatempo favorito é sabotar o funcionário a coisa fica ainda mais assustadora. Diante dessa relação entre os dois podemos até estranhar que Dale (Charlie Day) esteja reclamando de sua chefe. Ela é uma dentista sexy (Jennifer Aniston) e com uma queda por perversões, além disso assedia o seu funcionário com comentários picantes de sua anatomia e percebe que o noivado dele é uma espécie de contagem regressiva para ter um pouco de sexo selvagem. Ele é fiel, ela é tarada e para piorar ele ainda responde um processo por fazer xixi perto de um parquinho à noite - e acabou sendo confundido com um pedófilo. Quem não tinha problemas com o patrão era Kurt (Jason Sudeikis), "era" porque o chefe que todo mundo pediu a Deus morre e deixa um filho viciado e esquisito no comando da empresa (Colin Farrell). Não vai demorar muito para que o trio (que lembra muito as características dos amigos de Se Beber Não Case/2009) comece a cogitar eliminar seus algozes. É justamente neste momento que o filme deveria ficar mais divertido, mas perde pontos por apelar cada vez mais para o lugar comum. Eles acabam contratando uma espécie de consultor de assassinato (Jamie Foxx) que lhes sugere que um mate o patrão do outro (uma ideia já usada em filmes que o roteiro cita sem cerimônia), mas por mais que o texto tente, ele não consegue sair do óbvio. Desperdiça até a chance de explorar a forma como o destino dos patrões se embaralha com os outros personagens, no que poderia ser o aspecto mais bacana da sessão. Muitos caminhos divertidos se perdem durante a sessão, o affair da dentista com o conquistador Kurt (que o roteiro até sugere ser gay), o crime cometido por um dos patrões motivado pelo ciúme da bela esposa (a desperdiçada Julie Bowen da série Modern Family). Quero Matar Meu Chefe parece ser um filme de uma piada só que não percebe que desperdiça outras muito melhores pelo meio da sessão. Até o final apressado restam algumas risadas e a originalidade fica por conta de Jennifer Aniston num tipo bem diferente das garotas comportadas de seu currículo. Na pele da dentista pervertida Julia Harris, Aniston prova que sabe fazer outros papéis que não sejam variações de sua célebre Rachel da série Friends. Curiosamente a parte mais famosa do elenco é a que menos aparece. Destaco ainda a bisonha caracterização de Colin Farrell na pele de um dos sujeitos mais esquisitos que já apareceu num filme (fique atento à barriga protética mal feita que ele, ela parece até que é verde). Houve quem comparesse o filme com Como Eliminar seu Chefe (1980) estrelado por Jane Fonda, Lily Tomlin e Dolly Parton, mas francamente, apesar de lançado há mais de vinte anos, o filme das garotas é muito mais esperto.

Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses/EUA-2011) de Seth Gordon com Jason Bateman, Charlie Day, Jason Sudeikis, Jennifer Aniston, Kevin Spacey, Colin Farrell, Julie Bowen e Donald Sutherland.   


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