Lynn e Joseph: o universo regido por uma moeda.
Apesar de admirar vários filmes independentes, devo admitir que existem cacoetes nos diretores deste segmento que me irritam um bocado. Um exemplo disso aparece em Incertezas, romance que pretende ser algo mais estrelado pelo talento de Joseph Gordon Levitt e a ainda pouco conhecida Lynn Collins. O filme da dupla Scott McGehee e David Siegel parte de uma premissa interessante (e já usada outras vezes), mas se perde no meio do caminho. Os dois resolveram contar duas histórias relacionadas à vida de um jovem casal, Kate (Collins) e Bobby (Levitt) começam o filme sobre a ponte do Brooklyn e atiram uma moeda para decidir o rumo de suas vidas logo no início da sessão, a partir daí a trama se bifurca em duas histórias independentes onde uma investe na preparação de um típico almoço em família e a outra se dedica a mostrar os dois correndo perigo após acharem um celular perdido no banco traseiro de um táxi. Levando em consideração que dois diretores assinam a produção e que as duas histórias entrelaçadas não guardam semelhanças entre si, não fica difícil perceber que cada cineasta resolveu fazer seu filme por conta própria e depois só precisaram de um editor para costurar as ideias de ambos. O problemas maior é que as duas tramas não conseguem se encaixar durante a projeção, já que uma é mais interessante que a outra de forma que uma delas serve apenas para irritar quando tentamos saber a conclusão da outra. Na história do almoço em família, conhecemos a família de Kate, a sua mãe que desaprova a relação com Bobby, ela ainda não vê com bons olhos a filha ter optado pela carreira de atriz e ter servido de inspiração para a irmã caçula. Nessa parte Kate e Bobby acham um cachorro na rua e resolvem procurar pelo dono deles e vivem o dilema de lidar com uma gravidez indesejada - ah, o casal ainda tem problemas com o gosto alimentar de um e do outro. Ou seja, é o típico filme indie que tenta explorar os pequenos dramas de seus personagens, só que este fica apenas na superfície conseguindo apenas entediar. A outra história investe menos no romance realista e se dedica a uma trama de suspense envolvendo um telefone procurado por pessoas misteriosas que o querem de todo jeito. O casal é perseguido e busca soluções para a confusão que se meteram. Apesar de prender a atenção no início, a narrativa desta parte perde força a cada vez que uma inserção da outra história é feita. O que poderia funcionar como o contraste entre duas tensões (ser perseguido por alguém que você não conhece ou pela... mãe/sogra?) resulta em um exercício narrativo pretensioso e sem muito cuidado na escrita (já que as soluções para o suspense são cada vez mais estapafúrdias). Ainda assim, eu consegui ver o filme até o final para ver onde tudo iria dar. Me arrependi. Terminar o filme na mesma ponte do início só faz parecer que o filme rodou em círculos para chegar a lugar algum. Quanto aos atores, já comentei vários filmes de Joseph no blog e posso declarar que sou fã do rapaz, mas o material que tem em mãos neste aqui não lhe proporciona muitas saídas, mas, ainda assim, sua atuação é melhor que a de Lynn Collins (conhecida como Silverfox, a namorada do mutante Wolverine em sua aventura solo) que se sai mal num personagem unidimensional. Em várias cenas ela parece estar mais preocupada em ser sexy do que proporcionar alguma coerência à sua personagem. Se algo merece destaque na produção é o figurino, que consegue trabalhar a personalidade de seus personagens melhor do que o encadeamento da trama e nos faz notar qual parte da trama estamos assistindo sem truques mais elaborados.
Incertezas (Uncertanty/EUA-2010) de Scott McGehee e David Siegel, com Joseph Gordon Levitt, Lynn Collins e Manoel Felciano. ☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário