Yelchin e Farrell: o bem e o mal no subúrbio de Las Vegas.
Eu era só um moleque quando vi A Hora do Espanto (1985) com minha irmã mais velha. Ela adorava aquele filme (e filmes de horror em geral) e eu o achava mais divertido do que qualquer outra coisa. Obviamente que a refilmagem capitaneada por Craig Gillespie (que tem como obra-prima A Garota Ideal/2007) tinha um enorme desafio de atualizar a trama do rapaz que descobre que seu vizinho é um vampiro que está atacando a vizinhança. Eu não lembro muito do original estrelado por Chris Sarandon, mas posso dizer que a refilmagem me despertou sensações muito parecidas. Pra começar mantém aquele equilíbrio entre humor e terror que inspirou a série Pânico de Wes Craven e conta com um elenco mais eficiente do que esse tipo de filme costuma contar. Charley (Anton Yelchin) é o rapaz que tenta ocultar seu passado nerd evitando as companhias de quando era mais jovem, assim ele consegue conquistar o coração de uma cobiçada garota da escola. Sua vida parece estar entrando nos eixos quando o amigo Ed (o ótimo Christopher Mintz Plasse, que é a cara do meu primo Vinícius!) revela desconfiar que o novo vizinho de Charley é um vampiro responsável pelo desaparecimento de alguns amigos da escola. Claro que ninguém iria acreditar numa sandice dessas. Quando o póprio Ed desaparece, Charley começa a cogitar que as desconfianças do amigo poderiam estar certas. O problema é que o vizinho, Jerry (Colin Farrell) faz o tipo conquistador e deixa até a mãe de Charley (Toni Collette, em mais um papel maternal para sua coleção) atraída por ele. Descareditado por todos, o jovem rapaz vai tentar encontrar formas de se livrar do garanhão de caninos afiados. Gillespie consegue gerar bons momentos de suspense e ainda perde tempo com os clichês contemporâneos (vídeos da internet, sms...) para atualizar sucessos do passado, mas isso é menos relevante do que a tensão que consegue exalar sempre que Farrell está na tela. O irlandês Farrell está longe de ser um dos meus atores favoritos, mas devo admitir que ele se sai muito bem quando não tenta ser levado a sério como ator, são nesses momentos que consegue ser espontâneo e crível em suas atuações. Pode parecer que na pele de Jerry ele não faz muito mais do que pose e olhares 43, mas é só disso que um autêntico vampiro precisa para a mulherada se render aos seus caninos. Posso dizer que faz tempo que o ator não está tão a vontade num longa metragem. Preocupado em tirar os vampiros da vala em que a saga Crepúsculo os condenou ao ridículo ao trocar a sexualidade desses personagens por pele brilhosa, a refilmagem de A Hora do Espanto consegue um bom resultado, estiloso, coeso e de narrativa fluente. Existem momentos que o filme perde o ritmo - o curioso é que esses momentos acontecem geralmente quando insere o personagem Peter Vincent (David Tennant) na narrativa. Na pele de um caçador de vampiros charlatão que acaba tendo mais razão do que imaginamos, a tensão parece ficar sempre no meio do caminho quando ele aparece. Sem maiores pretensões, o filme é uma boa diversão para quem gosta dos filmes do gênero, poderia ser uns dez minutos mais curto (bastava não esticar demais o final), mas ainda assim consegue um resultado eficiente com algumas cenas mirabolantes e um elenco dedicado.
A Hora do Espanto (Fright Night/EUA-2011) de Craig Gillespie com Anton Yelchin, Colin Farrell, Toni Collette, Christopher Mintz-Plasse e Imogen Potts. ☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário