sábado, 10 de outubro de 2015

PL►Y: Somos o que Somos


Os Parker: lutando para colocar carne sobre a mesa. 

Quando descobri que estavam preparando uma versão americana do mexicano Somos o Que Somos (2010), eu já imaginava que todo o conteúdo social do filme longa de Jorge Michel Grau iria para o espaço. Na versão original uma família mantem a estranha tradição milenar de seus ancestrais  e encontra as vítimas preferencialmente entre prostitutas, homossexuais e sem teto - e quando o pai da família morre, cabe ao filho mais velho assumir o posto de manter a tradição e alimentar a mãe e um casal de irmãos. Na versão americana a situação principal é a mesma, mas o resto é bastante diferente. No remake quem morre é a matriarca e quem deve garantir a carne na mesa da família Parker é a filha mais velha (a bela Ambyr Childers). A mando do pai, Frank (Bill Sage) a garota tem suas dúvidas em continuar mantendo a tradição da família, o que também passa a ser questionado pela filha do meio, Rose (a promissora Julia Garner) enquanto o filho caçula não faz a mínima ideia do que está acontecendo (acreditando que existem monstros vivendo debaixo da casa).É visível como o diretor Jim Mickle quer fazer um filme de terror elegante ao afastar os protagonistas do centro urbano onde vivia os personagens do filme original, o colocando morando num bosque, perto de um rio - que por conta de uma forte chuva, transborda e  começam a aparecer ossos suspeitos pela cidade. Assim, o doutor Barrow (Michael Parks) começa a desconfiar que há algo de estranho acontecendo nas redondezas e a reclusa família começa a chamar a atenção. Mickle consegue distanciar seu filme o máximo possível do filme original,  construindo praticamente outro filme, embora tenha o mesmo ponto de partida (o que é um grande mérito). Micke investe mais na parte policial da trama e carrega nas cores trágicas de duas meninas com uma tradição estranha que não querem preservar. O filme carrega no suspense sobre as estranhezas da família, demorando para revelar o que se passa no porão da casa, talvez por isso, o tom mais direto do original funcione melhor, já que a versão americana com toda sua atmosfera dark sutil, descamba para o trash com uma velocidade difícil de digerir quando os segredos são revelados (nesse ponto, a participação da vizinha vivida por Kelly McGillis ganha um final um tanto tosco diante das possibilidades da personagem). No entanto, Somos o que Somos consegue prender a atenção com o elenco que defende os personagens com grande esmero, sobretudo a jovem Julia Garner, que na época tinha dezoito anos e convence como uma adolescente indefesa de quatorze. No entanto, na comparação com o filme original, a história perdeu suas nuances mais interessantes deixando o final convencionalmente sem graça.

Somos o que Somos (We are what We are/EUA-2013) de Jim Mickle com Michael Parks, Ambyr Childers, Julia Garner, Kelly McGillis, Michael Parks e Wyatt Russell. ☻☻

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