Mirren e Reynolds: quem disse que eles precisam ser engraçados?
Simon Curtis é um diretor e produtor inglês renomado, principalmente pelos seus trabalhos na TV, no cinema, ele ainda precisa de um pouco mais de... estilo, já que seus filmes costumam ser um tanto engessados, nunca alcançando todas as notas que deveria. Foi assim com Sete Dias com Marilyn (2011), que precisou da ajuda de Michelle Williams para ficar acima da média (mesmo com uma temática espetacular em mãos). Esse ano ele chamou a venerada Helen Mirren para ajudar em A Dama Dourada. O resultado dividiu opiniões e ficou bem longe da bilheteria desejada (e ainda teve a estreia antecipada para abril, bem longe de suas ambições para a temporada de ouro do cinema). O filme conta a história de Maria Altmann (Helen Mirren), uma senhora de origem austríaca que vive nos Estados Unidos desde que fugiu da perseguição nazista na Segunda Guerra Mundial. Maria tem algumas contas a acertar com o passado, especialmente com as obras de arte de sua família que foram roubadas pelos nazistas. Entre as obras está a famosa tela A Dama Dourada (na origem chamada de Retrato de Adele Bloch-Bauer) de Gustav Klimt, que tornou-se uma referência da identidade austríaca (mas que somente Maria sabe que trata-se de um retrato de sua tia Adele). O problema é como uma senhora judia conseguir de volta um presente de sua família que está há tanto tempo no museu mais imponente da Áustria? Para a empreitada ela conta com um advogado em início de carreira, que não tem muito a perder e precisa reencontrar suas origens. Não deixa de ser uma ousadia ter escolhido Ryan Reynolds para viver o jovem advogado Randy Schoenberg que (assim como o ator) tem pouco mais do que boas intenções para ajudar uma amiga de longa data de sua família. O filme é pautado nas disputas judiciais travadas pela dupla contra uma estrutura que não se sente na obrigação de quitar uma dívida antiga com as famílias que enfrentaram os horrores do holocausto. Curtis costura cenas do presente e do passado de Maria (onde é vivida por Tatiana Maslany da série Orphan Black) e o resultado consegue ser coerente, ainda que morno. A Maria de Helen Mirren sofre demais com um roteiro que possui uma ideia, mas encontra dificuldades para construir sua história. O mais interessante é que a parte referente ao passado parece mais bem desenvolvida do que a atual, onde Maria surge como uma dama inglesa cheia de tiques e manias auxiliada por um advogado desastrado. Talvez o problema de Curtis seja o mesmo de um bando de outros diretores ainda inseguros que acham que para o público se identificar com os personagens, estes precisam ser engraçados. Não precisa (na maioria das vezes parecem apenas bobos). Nem vou entrar no mérito do filme ser previsível (afinal trata-se de uma história real), mas história das famílias que ainda lutam para reconquistar as obras de suas famílias, que foram roubadas durante a Segunda Guerra Mundial, já é séria e consistente o suficiente para não necessitar de gracinhas por nossa simpatia.
A Dama Dourada (Woman in Gold/Reino Unido - 2015) de Simon Curtis, com Helen Mirren, Rayn Reynolds, Daniel Brühl e Kate Holmes. ☻☻
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