Humans: frieza maior que na Suécia.
Era de se esperar que com o tempo houvessem versões em língua inglesa de duas excelentes séries europeias que colecionam sucesso pelo mundo. Recentemente a AMC começou a exibir sua versão do sueco Real Humans, meses depois que o Netflix já disponibilizara a versão do A&E para Les Revenants. Humans é realizado em parceria do canal americano com uma produtora do Reino Unido e mostra um futuro paralelo onde os seres humanos precisam conviver com robôs feitos à sua imagem e semelhança - o que gera conflitos entre humanos e robôs produzidos para satisfazer as necessidades variadas de seus patrões. Assim conhecemos a família Hawkins, cuja esposa advogada deixa espaço para que eles comprem a sintética Anita (Gemma Chan) para cuidar da casa e dos filhos, cujo o pai (Tom Goodman-Hill) não dá conta sozinho. Paralela à trajetória de outros robôs, existe a trama de Dr. George Millican (Willian Hurt) que participou da criação dos sintéticos e reluta em abandonar seu parceiro Odi (Will Tudor) perante sua nova cuidadora Vera (Rebecca Front). Além disso, acompanhamos a jornada do misterioso Leo (Colin Morgan) em busca de sua amada. Para quem acompanha a trama de Real Humans, dá para perceber que a estrutura da série é a mesma, a diferença fica por conta do tom, mais sóbrio e quase apático dos personagens, sem a melancolia que fazia tão bem à trajetória de Anita, Flash e Odi na série original. A família Hawkins também carece de mais carisma, já que sempre está sempre discutindo em cena, o que pode deixar tudo um pouco cansativo. Penso que se a série levar-se menos a sério pode ficar muito mais interessante. Entre as alterações que podem gerar bons momentos futuramente está no fato da filha mais velha dos Hawkins ser contra os sintéticos e George não ser mais o vovô simpático do clã, mas um cientista que deverá ter mais destaque na trama. Até o momento os melhores momentos ficam por conta de Gemma Chan, que cria uma Anita mais desconfiável e o oscarizado William Hurt, como o personagem mais humano de uma série que consegue ser mais gélida do que a versão nórdica. Estranho é que quando o canal americano A&E investiu na versão da francesa Les Revenants o problema foi praticamente o mesmo. A trama respeita a mesma estrutura dos personagens que eram mortos e ressurgem desestabilizando uma pacata cidadezinha francesa que já havia se acostumado com a morte de todos eles. Transportado para uma cidade montanhosa nos EUA, a versão americana foi ainda mais fiel ao original, onde o déjà vu é ainda mais desconfortável para quem acompanhou a versão original que levou para casa até o Emmy de Melhor Série Estrangeira em 2013. Embora o suspense permaneça, a aura perturbadora dos personagens aparece mais branda e as relações mais distantes do que deveriam. Nesse caso, a série ainda perdeu parte do seu impacto com o sucesso da (ruim) Ressurrection e (a confusa) The Leftovers que bebem em vários dos elementos utilizados por Fabrice Gobert na série original inspirada no filme Eles Voltaram (2004) de Robin Campillo. No entanto, para quem não conhece as séries europeias originais, suas versões em língua inglesa podem ser bastante interessantes em meio aos temas recorrentes das séries americanas atuais.
The Returned: mais mortos que vivos.
Humans (2015 - ) - 1ª Temporada com Gemma Chan, William Hurt, Katherine Parkinson e Neil Maskell ☻☻
The Returned (2015-) - 1ª Temporada de Carlton Cuse com Kevin Alejandro, Mary Elizabeth Winstead e Jeremy Sisto ☻☻
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