Meryl: enfim, bruxa!
Não há dúvidas de que Meryl Streep é uma verdadeira entidade do cinema. Aos 66 anos, a atriz possui três Oscars na estante (e coleciona dezenove indicações ao prêmio máximo do cinema americano). Se contar no Globo de Ouro (e suas divisões para drama, comédia e TV) a coisa impressiona mais ainda: vinte e nove indicações e oito prêmios na estante. Ainda assim, lembro quando em 2004 ela disse que, naquele ano, recebeu apenas propostas para viver bruxas no cinema. Meryl aceitou viver uma bruxa somente dez anos depois e - foi indicada ao Oscar de coadjuvante. Caminhos da Floresta é a adaptação de um musical da Broadway que brinca com os personagens dos contos de fada. A direção ficou por conta de Rob Marshall (de Chicago/2002), que realiza aqui o seu melhor trabalho em muito tempo. Para começar, ele aprendeu finalmente a filmar um musical longe do palco, perdeu a vontade de inventar desculpas para seu elenco soltar a voz e manteve seu senso de deboche e ironia. A trama começa quando um padeiro (o ótimo James Corden) e sua esposa (Emily Blunt) tem um encontro com a vizinha bruxa (Meryl Streep), que conta ter jogado uma maldição naquela família - o que impossibilita que o casal tenha filhos. No entanto, o feitiço pode ser quebrado se eles juntarem alguns objetos para uma noite específica que se aproxima - uma vaca branca feito leite, um sapatinho dourado, cabelos loiros feito os de espiga de milho e um capuz vermelho. Todo mundo sabe onde o casal irá encontrar esses objetos, além disso eles servem de pretexto para que Chapeuzinho Vermelho (a promissora Lilla Crawford), Lobo Mau (Johnny Depp), Cinderela (Anna Kendrick), Rapunzel (Mackenzie Mauzy) e dois príncipes (Chris Pine e Billy Magnussen)... apareçam na história de uma forma diferente do que vemos nos clássicos. Nas músicas bem humoradas e brincadeiras com os personagens o filme flui que é uma beleza até o momento em que achamos que todos viverão felizes para sempre e... não por acaso, a partir daí começa a dar tudo errado na vida dos personagens e o filme se torna mais sombrio e menos esperto. Aí lembramos, dos erros do passado do diretor Rob Marshall, que não tem habilidade em administrar a mudança de tom da narrativa. Uma série de dilemas começam a aparecer e comprometem a diversão com soluções apressadas para tudo que era um tanto subversivo. Aos poucos Caminhos da Floresta perde o ritmo e a magia, tornando-se uma obra irregular. Não por acaso, os maiores elogios foram para a veterana Meryl Streep, ela é a única que segura a bola de sua personagem quando o roteiro abandona todas as possibilidades que poderiam ser exploradas até o final da sessão.
Caminhos da Floresta (Into the Woods/ EUA-2014) de Rob Marshall com Emily Blunt, Anna Kendrick, Meryl Streep, James Cordem Johnny Depp e Chris Pine. ☻☻
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