Kylo Ren encontra seus inimigos: Obrigado, JJ Abrams!
Sou desses que recebeu com muita satisfação o fato de JJ Abrams assumir a terceira fase de Star Wars nas telas - e curti mais ainda quando ele jogou no lixo as sinopses desenvolvidas por George Lucas para os episódios VII, VIII e IX da saga. Com todo o respeito que George Lucas merece por gerar o universo Star Wars na década de 1970, devemos admitir que o que ele fez nos últimos três filmes da saga (que narravam a transformação de Anakin Skywalker/Darth Vader) foi de uma ruindade digna do lado sombrio da força (um verdadeiro teste de lealdade aos fãs da série). Depois que a Disney comprou a LucasFilms, eu não imaginava que respiraria tão aliviado! Sob o pretexto da própria cronologia da saga, Abrams ignora boa parte do que foi realizado na trilogia mais recente do universo, utilizando referências da produção dos filmes originais. Ao contrário do que Lucas fez nos filme mais recentes, JJ preferiu utilizar locações reais, maquetes e cenários concretos, espantando o artificialismo das cenas. Além disso, o mais importante está lá: o esforço em emular a mesma magia da trilogia original. Por isso, Abrams mantém o foco do episódio VII na busca por Luke Skywalker, mas apresenta novos personagens que respeitam os signos do universo da trilogia original. Mais de trinta anos se passaram naquele universo e a chamada Primeira Ordem pretende recuperar os ideais que moviam o Império sombrio de Darth Vader e seus companheiros. A saga de Luke, Leia e Han Solo é visto quase como uma mitologia pelos mais jovens, mas serve de base para o movimento de resistência que pretende evitar a ascensão do mal mais uma vez. Assim, com Luke desaparecido, o roteiro reserva lugares especiais para Princesa Leia (Carrie Fisher, vivendo a princesa madura de forma bastante coerente) e Han Solo (Harrison Ford, ainda dominando o personagem com maestria) que tem uma grande pendenga familiar para resolver... afinal, pendenga familiar é o grande motor de toda a saga - e você perceberá que a árvore genealógica da família Sywalker cresceu e vê o legado (dos dois lados) da força para preservar. Embora a história comece com o piloto Poe Dameron (Oscar Isaac, bom como sempre, mas num personagem que merece ser ampliado no futuro) e seu robô (já cultuado) BB-8, a narrativa centra-se cada vez mais na jovem Rey (Daisy Ridley) e no stormtrooper desertor Finn (John Boyega, que poderia ser menos cômico) que cruzam o caminho de Solo e Chewbacca (o mesmo Peter Mayhew) enquanto tentam levar BB-8 para a Resistência e fugir da primeira ordem liderada pelo líder supremo Snoke (Andy Serkis). Snoke tem ao seu lado Kylo Ren (Adam Driver, excepcional) um rapaz que possui laços mais do que ideológicos com Darth Vader e que, após treinamento Jedi, bandeou-se para o lado obscuro da força. Essa é a base para que Abrams nos provoque um deslumbramento nostálgico com cenas de ação espertas, efeitos especiais perfeitos e muita atenção aos detalhes (as máquinas gastas, os figurinos, a direção de arte vintage), mas sem perder de vista a dimensão humana do que está em jogo (sem falar nos discursos que remetem diretamente aos discursos de ódio que encontram na internet território fértil nos dias atuais). Existem partes que já soam clássicas, a maioria protagonizada por Kylo Ren (a cena em que tenta extrair informações de Rey, seu duelo com a mocinha ou o seu encontro com um dos personagens clássicos da série), o que demonstra potencial para o moço se tornar um vilão de respeito - assim com Rey é seu oposto. Com a cena final prometendo mais um Jedi a caminho desejamos que Episódio VIII (previsto para 2017) estreie o mais rápido possível - especialmente com as expectativas que este deixa no ar. A Força despertou tão vigorosa como deveria!
Star Wars - Episódio VII: O Despertar da Força (Star Wars - Episode VII: The Force Awakens/EUA-2015) de JJ Abrams com Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver, Harrison Ford, Carrie Fisher, Andy Serkis, Oscar Isaac, Domhnall Gleeson, Lupita N'Yongo, Max von Sydow, Peter Mayhew e Gwendoline Christie. ☻☻☻☻
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