Hall, Joel e Jason: visita do passado.
Nascido em 1974 na cidade de Blacktown na Austrália, Joel Edgerton atua nas telonas desde 1996, mas recebeu papéis de destaque em produções renomadas a partir do seu trabalho no ótimo Reino Animal (2010). Depois de trabalhar com diretores importantes, o ator se aventura atrás das câmeras com o suspense O Presente, em cartaz no Brasil desde o dia 03 de dezembro. Se o debut de Edgerton não chega a ser mirabolante, ele merece elogios por manter o pé no chão e conduzir uma trama envolvente sem cair no ridículo, dando-se ao luxo de tornar o perfil de seus personagens mais complexo do que costumamos ver nesse tipo de filme e ainda terminar a sessão com uma enorme interrogação na cabeça do espectador. A trama começa com um casal recém chegado à casa nova, Robyn (Rebecca Hall) e Simon (Jason Bateman) acabam de comprar uma bela residência na terra natal de Simon. Ele tenta galgar promoções no trabalho e ela tenta manter suas atividades profissionais por internet e telefone, mas planejam se estabelecer e aumentar a família assim que possível. Tudo parece repleto de possibilidades para o casal, até que um antigo conhecido da escola cruza o caminho de Simon. Gordon (o próprio Joel Edgerton), mais conhecido como Gordo, encontra com o casal numa loja e demonstra-se simpático, presenteando o casal sempre que possível e aparecendo mais do que o esperado na nova residência do amigo. Gordo é sempre atencioso, presente, prestativo... até que Simon começa a ficar desconfiado de tanta dedicação. O filme evolui aos poucos - e, se torna Gordon um sujeito esquisito, Simon começa a perder sua pose de mocinho sempre que aparece mais agressivo do que deveria. Não tem jeito, existe um mistério entre os dois velhos conhecidos que irá gerar insegurança em Robyn e alguns desdobramentos surpreendentes. Há de se elogiar a forma como o diretor estreante conduz as atuações, sempre no tom correto, deixando o melhor para o final. Destaque para Bateman e o próprio Edgerton que criam sujeitos ambíguos na medida certa, evitando que os segredos se tornem banais. Há de se destacar que o cineasta também assina o roteiro, parecendo ter se inspirado naqueles suspenses domésticos bastante comuns na década de 1990 (e que fizeram a glória de Curtis Hanson em início de carreira), somado a um certo traço de Caché (2005) de Michael Haneke, onde o estranhamento recai sobre o próprio protagonista. Pela coerência com que conduz sua história, Joel Edgerton promete outras incursões em sua nova (e promissora) carreira (e o fato da bilheteria ter rendido mais de dez vezes o seu orçamento irá ajudar bastante no currículo).
O Presente (The Gift/EUA-2015) de Joel Edgerton com Jason Bateman, Rebecca Hall, Joel Edgerton, Allison Tolman e Tim Griffin. ☻☻☻
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