Emily Blunt (à frente): no subterrâneo das drogas.
O canadense Denis Villeneuve é um dos cineastas em ascensão no momento e, uma de suas maiores características, é não tornar-se repetitivo. Depois da visão um tanto épica de Incêndios (2010), passando pela barbárie de Os Suspeitos (2013) e os enigmas de O Homem Duplicado (2013), ele decepcionou alguns de seus admiradores com o resultado de Sicario, um filme de combate ao tráfico de drogas só que com alguns pontos bastante diferentes. Para começar ele tem a coragem de colocar Emily Blunt no alto dos créditos para deixá-la quase de lado o filme inteiro. Ela interpreta a agente do FBI Kate Macer, esperta e durona, depois de uma ação bem sucedida onde encontra corpos não identificados numa casa ela é convidada a participar de uma ação ofensiva da CIA para destruir um cartel de drogas na fornteira com o México. No entanto, as coisas não são como ela imagina, afinal, ela não faz a mínima ideia do que está acontecendo enquanto acompanha o agente Matt Graver (Josh Brolin) e seu parceiro Alejandro (Benicio Del Toro). A maior parte do tempo ela acompanha a dupla colocando sua vida em risco, sem saber o que estão de fato procurando. Villeneuve faz da ausência de conhecimento uma ferramenta narrativa perigosa para sua plateia, que deve deixar se envolver pelo fluxo enigmático da ação para saber o que irá acontecer ao final (tal e qual sua heroína). Particularmente, não gostei muito do resultado. Existem umas quatro cenas que impressionam (a descoberta dos corpos, a cena na fronteira do México, a dos famigerados túneis clandestinos e o encontro esperado desde o início), mas o roteiro é bastante inconsistente, transbordando canastrice aos homens que cruzam o caminho de Kate. Chega a dar pena de Emily Blunt, uma boa atriz, mas que aqui parece desperdiçada, faltando uma cena de destaque para sua personagem (a sua última cena é legalzinha, mas não tem a grandiloquência necessária para fechar o filme como deveria). Embora Villeneuve demonstre maestria na construção das imagens, construindo ângulos e planos envolventes, o roteiro do estreante Taylor Sheridan parece querer dar um passo maior do que a perna, deixando vários pontos pelo caminho e deixando o resultado um tanto simplista. Não fosse as belas (e perturbadoras) imagens compostas por Villeneuve e seu trio de atores principais, Sicario teria recebido menos destaque durante o ano e deixaria mais claro que é um dos maiores desperdícios de 2015.
Sicario - Terra de Ninguém (Sicario/EUA-2015) de Denis Villeneuve com Emily Blunt, Josh Brolin, Benicio Del Toro e Victor Garber. ☻☻
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