Barkin, Leo e DeNiro: família complicada.
Recém contemplado com o Oscar de Melhor Ator, Leonardo DiCaprio despontou como astro promissor nos idos de 1993 quando foi escolhido para protagonizar o drama O Despertar de um Homem aos dezesseis anos de idade. DiCaprio já havia conseguido papéis importantes em programas de televisão, mas nada que se compare à sua atuação na pele do garoto Tobias Wolff. Tobias vivia com mãe, Caroline Wolff (Ellen Barkin) que vivia mudando de uma cidade para outra depois que sobreviveu ao divórcio de seus pais. Entre um namorado e outro, Caroline acaba conhecendo Dwight (Robert DeNiro). Se o primeiro contato entre o candidato a padrasto e Tobias não é muito bom a coisa só piora quando sua mãe casa e se muda para a casa do padrasto. É verdade que a ambientação nos anos 1950 apresenta Tobias como um típico adolescente rebelde da época: um tanto debochado, um pouco desbocado, fumando escondido e com amigos sem grandes ambições, assim como ele mesmo - mas nada que justifique as atitudes abusivas de Dwight. A situação em casa torna-se cada vez mais insustentável conforme o padrasto mostra-se cada vez mais truculento e incompreensivo com os novos membros da família (o padrasto já tinha duas filhas e um filho do primeiro casamento que são bem tolhidos) e a situação só piora. O diretor Michael Caton-Jones encontra aqui um dos melhores momentos de sua carreira (e depois nunca mais fez algo memorável - só para ter ideia, seu último trabalho no cinema foi em 2006 quando Sharon Stone o convocou para dirigir o desastroso Instinto Selvagem 2), conseguindo transmitir o desconforto que era viver sobre o mesmo teto uma jovem rapaz com uma figura masculina tão desagradável. Robert DeNiro assusta ao dar conta de um sujeito abusivo, Ellen Barkin até surpreende ao desviar-se de seus tipos sensuais de costume na época (mas sua carreira como atriz séria nunca decolou), mas o destaque fica mesmo com DiCaprio percebendo que era preciso um bocado de esforço para não se tornar um sujeito tão amargo e ressentido consigo mesmo quanto Dwight. Além disso, Leo demonstra uma segurança em cena que nem parece intimidade de estar diante de duelar em cena com um dos maiores atores de Hollywood. Baseado no livro de memórias do escritor Tobias Wolff, o filme consegue ser bastante envolvente, especialmente pelo seu elenco em plena sintonia (repare a particiapação dos novinhos Tobey Maguire e Carla Gugino) o deixando com o maior jeitão de filme feito para o Oscar: atuações dedicadas, fotografia bem cuidada, narrativa correta, figurinos e direção de arte bem feitos... mas a Academia se rendeu a outra atuação de DiCaprio no mesmo ano: em Gilbert Grape que recebeu uma merecida indicação ao prêmio de coadjuvante por viver o irmão autista de Johnny Depp. Nascia naquele ano um dos atores mais requisitados de Hollywood.
O Despertar de um Homem (This Boy's Life/EUA-1993) de Michael Caton-Jones com Leonardo DiCaprio, Robert DeNiro, Ellen Barkin, Carla Gugino, Jonah Blechman e Chris Cooper. ☻☻☻
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