O novo Quarteto: nada fantástico.
No início pensei que o novo Quarteto Fantástico tornou-se um retumbante fracasso devido a expectativa gerada pela repaginada sofrida pelo time de heróis mais clássico da Marvel. Afinal o elenco era composto por atores em ascensão e um diretor que provou saber lidar com efeitos especiais de forma realista. O cineasta Josh Trank criou praticamente sozinho Poder Sem Limites (2012), um filme de baixo orçamento que tinha como maior trunfo o uso quase documental de efeitos especiais no combate entre dois adolescentes que desenvolviam poderes especiais. Apontar Trank como diretor para uma nova roupagem de Quarteto Fantástico era tão óbvio quanto somar dois mais dois. A Fox estava tão animada que já havia até encomendado uma sequência para os próximos anos... nada parecia poder sair errado até que o filme estreou e mostrou-se um verdadeiro fiasco, não apenas de bilheteria mas em sua própria realização. Está certo que os filmes anteriores dos super-heróis estavam bem longe de ser obras-primas, mas pelo menos eram divertidos no tom impresso por Tim Story (que tinha como maior mérito ter convencido Gisele Bünchen a fingir que sabia atuar no remake de Táxi/2004). Porém, Story não perdia cinquenta minutos explicando como os personagens recebiam seus poderes, nem enrolava vinte minutos numa trama governamental que não interessa a ninguém para nos últimos instantes fazer uma cena de combate sonolenta. Na nova versão, o filme perde tempo demais explicando o que ninguém quer saber, num resultado frio e pretensioso. Reed Richards (Miles Teller num papel desnecessário depois dos elogios recebidos por Whiplash/2014) é um cientista prodígio que descobre como viajar para uma dimensão paralela num projeto de feira de ciências. O feito chama a atenção do Dr. Franklin Storm (Reg E. Cathey), pai de Johnny (Michael B. Jordan) e de Sue (Kate Mara) que embarcam no projeto, assim como o melhor amigo de Reed, Ben Grimm (Jamie Bell). Nem adianta se animar com o elenco, ainda que seja formado por jovens atores competentes, eles não dão liga na trama mal escrita. A falta de química se torna completa com Toby Kebbell que vive uma versão inconcebível de Victor Von Doom, que era para ser um dos vilões mais temíveis da Marvel, o Dr. Destino e parece só um idiota pedante. Com efeitos especiais esquisitos (que parecem saídos de um filme B dos anos 1970), o filme enrola demais, fingindo ter uma grande história para desenvolver. Se os filmes anteriores (Quarteto Fantástico/2005 e Quarteto Fantástico: O Surfista Prateado/2007) conseguiu fazer sucesso com seu tom descontraído e apresentar o Quarteto como uma família de heróis. Num tempo em que os filmes de heróis começavam a ficar mais sombrios, eles foram bastante criticados por criarem puro entretenimento e ficar satisfeito com isso (algo que seria perdoado se fossem lançados nos anos 1990). Ironicamente, o novo filme fracassa justamente por levar-se a sério demais. Trank parece querer construir um clássico da ficção científica, mas entrega um filme confuso, sem ritmo e com atuações péssimas. Por mais que o cineasta atribua o fracasso ao corte final imposto pelos produtores, sua mão pesada tornou os personagens quase insuportáveis (de forma que as piadas nunca funcionam e as caretas quando usam os poderes são o que há de mais divertido na sessão). Realmente não entendo porque não aproveitaram a franquia anterior, mesmo que possuísse defeitos, poderiam ser ajustados e render um terceiro filme mais maduro e que se tornasse um divisor de águas para o Quarteto no cinema (e a aventura com o Surfista Prateado havia até deixado um gancho para isso ao introduzir o vilão Galactus para um terceiro filme), naquela época o time formado por Sr. Fantástico (Ioan Gruffudd), Mulher Invisível (Jessica Alba), Tocha Humana (Chris Evans antes de ser o Capitão América) e Coisa (Michael Chiklis) conseguia render uma matinê animada com sabor de pipoca. O filme de Josh Trank serve apenas para fazer pensar como poderia ser os heróis nas mãos zelosas de seus criadores na Marvel Studios.
O antigo Quarteto Fantástico: senti até saudade.
Quarterto Fantástico (Fantastic Four/EUA-2015) de Josh Trank com Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan, Jamie Bell e Toby Kebbell. #
Quarteto Fantástico (Fantastic Four/EUA-2005) de Tim Story com Ioan Gruffudd, Jessica Alba, Chris Evans, Michael Chiklis, Julian McMahon, Kerry Washington e Laurence Fishburne ☻☻☻
Quarteto Fantástico: O Surfista Prateado (4: Rise of Silver Sufer/EUA-2007) de Tim Story com Ioan Gruffudd, Jessica Alba, Chris Evans, Michael Chiklis, Doug Jones, Julian McMahon, Kerry Washington e Laurence Fishburne. ☻☻☻
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